Hora do vai ou racha no futebol profissional: a reunião entre FPF, Liga e clubes
FPF propõe plano ao futebol profissional para melhorar competitividade externa: menos jogos, menos carga fiscal, mais formados localmente e mais solidariedade dos que mais ganham.
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A reorganização dos quadros competitivos profissionais, maior proteção aos jogadores formados localmente, menos peso do Fisco e dos seguros e a introdução de um modelo de redistribuição solidária entre os emblemas de maior e menor dimensão serão a magna carta da reestruturação do futebol português, ontem acolhida com grande consenso na reunião entre a Federação Portuguesa de Futebol, a Liga de Clubes e praticamente todos as sociedades desportivas do principal campeonato.
O encontro, que decorreu à porta fechada na Cidade do Futebol, em Oeiras, e durou um pouco menos de três horas, foi dirigido por Fernando Gomes, presidente da FPF, contando ainda com Pedro Proença, seu homólogo da Liga, e os três "grandes": FC Porto, Benfica e Sporting. O JOGO apurou que em cima da mesa estiveram todas as questões relacionadas com a competitividade externa das equipas portuguesas, tendo a FPF apresentado aos clubes um estudo que prevê dois impactos, um caso haja intervenção a curto e médio prazo ou caso se mantenha a atual situação.
O estudo foi realizado nos últimos três meses, desde a primeira reunião de dezembro, em Fátima, e comparava Portugal com países de ranking idêntico na UEFA.
Do mesmo saiu luz verde para, até agosto, os clubes e a Liga estudarem com profundidade os impactos previstos e, nessa altura, existir uma decisão no sentido de criar um inédito plano, a médio e longo prazo, para o futebol português, que atue em quatro áreas: reorganização das competições no sentido de diminuir o número de jogos; regulamentação de modo a promover os jogadores formados localmente, na frente fiscal, em sede de IVA, IRS e IRC, além de diminuir os custos dos seguros; e introdução de um modelo de redistribuição financeira mais solidário, do género do holandês, em que os clubes que geram mais receitas contribuem de modo a que se mantenha o equilíbrio competitivo nas provas nacionais.
TV: centralização sem novidades
A centralização dos direitos televisivos da I Liga, embora não estivesse na agenda dos trabalhos da reunião promovida pela Federação Portuguesa de Futebol, foi assunto abordado durante a mesma, mas O JOGO apurou, junto de fontes ligadas ao processo, que será algo que não vai acontecer nos próximos tempos. Apesar do ambiente cordial e de grande disponibilidade da parte dos presentes no encontro, continua a não haver consenso, propostas ou soluções nesse sentido, mantendo-se a liga portuguesa como a única que não tem os seus direitos televisivos centralizados.