Hernâni fala em "amargo de boca" e elogia Conceição: "Com ele vivemos sempre no limite"

Hernâni desvinculou-se do FC Porto em 2019, mas a ligação de cinco anos deixou marcas para sempre. Atualmente a jogar no Las Palmas, da segunda divisão espanhola, o extremo recorda com satisfação os bons momentos que passou no Dragão e torce para que os portistas sejam campeões. Acredita que a dobradinha é possível.

Citação citacao Extremo recorda a passagem pelo FC Porto e a exigência de um treinador que o ensinou a nunca baixar os braços

Já assumiu que tem o FC Porto no coração. A que se deve essa forte ligação?
-Por tudo aquilo que ganhei no FC Porto. Ganhei um campeonato e nem todos os jogadores que passaram por lá tiveram essa possibilidade, mas também por toda a envolvência dos adeptos e do clube. Quem joga no FC Porto sente essa mística.

O que é que ficou por fazer com a camisola do FC Porto?
-Faltaram algumas coisas. Vinha de um empréstimo ao Vitória que tinha corrido muito bem e as pessoas pensaram que eu ia dar sequência a isso, mas as coisas não correram dessa forma. Sinto um amargo de boca porque podia ter feito mais e isso dependia de mim. Mas não saí triste do FC Porto, porque conquistei muitas coisas. É um clube que guardo sempre no meu coração. Vou torcer sempre pelo FC Porto.

O golo que apontou ao Boavista, nos descontos, que resultou numa vitória por 1-0, foi o melhor momento que viveu no FC Porto ou escolhe outro?
-Escolho esse golo porque a partir daí passei por bons momentos, fiquei mais confiante e senti que tinha mais importância na equipa.

Com que ex-colegas do FC Porto vai mantendo o contacto?
-Costumo falar com o Danilo, Tiquinho Soares, Alex Telles, Herrera, Felipe, Ricardo Pereira e Maxi. Do atual plantel falo muito com o Otávio e com o Manafá.

Que memórias guarda do trabalho com Sérgio Conceição?
-São boas memórias. Foi o treinador mais exigente que tive em todos os sentidos, desde o querer, nunca perder o foco, lutar sempre por ganhar e superar. Com o Sérgio Conceição vivemos sempre no máximo, no limite.

Houve algum episódio marcante que tenha ficado na memória?
-Passámos bons momentos e tive boas conversas com ele. Deu-me sempre bons conselhos.

O que aprendeu mais com Sérgio Conceição?
-Aprendi que nunca devemos desistir e que temos de acreditar sempre até ao fim. É essa mensagem que ele tem deixado no FC Porto durante estes anos que está no clube. Desistir é algo que não entra lá. Isso vê-se na equipa atual, porque trabalha bastante, luta e acredita até ao fim. Tudo isso leva ao sucesso.

Todos apontam a exigência como uma característica de Sérgio Conceição. É assim tão diferente dos outros treinadores?
-Cada treinador tem as suas características, mas ele é diferente pela maneira como vive o futebol.

O FC Porto ainda vai a Guimarães, a Braga e à Luz. São os maiores obstáculos para terminar o campeonato sem derrotas?
-São equipas muito difíceis e o campeonato está muito equilibrado, mas o FC Porto está forte e está focado. Não será fácil, mas tem um plantel que pode resolver um jogo a qualquer momento. Com todas as dificuldades que ainda possam surgir, acredito que o FC Porto vai ser campeão.

Em primeiro no campeonato e bem lançado para a final da Taça de Portugal, a dobradinha vai ser uma realidade?
-Sim, é bem possível. É uma questão de acreditar e de manter uma mentalidade forte. O FC Porto tem todas as possibilidades de conquistar a dobradinha.

"Qualidade destes jovens é algo que não se via antigamente"

Hernâni acredita que nomes da formação como Diogo Costa, João Mário, Vitinha e Fábio Vieira podem marcar uma era no FC Porto, mas não excluiu a saída de algum deles num futuro próximo. "É difícil antever se vão ficar muito tempo, porque os clubes têm de tomar decisões. Pela qualidade que têm, é algo que não se via antigamente. Têm feito um trabalho extraordinário e podem ter um grande futuro no FC Porto, mas como têm muita qualidade, podem aparecer clubes interessados", ressalva o extremo do Las Palmas.