Bruno de Carvalho considera que existe um "sistema de hipocrisia" em organismos como a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga e apela a uma mudança rumo à "integridade".
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Bruno de Carvalho admite: se o Conselho de Arbitragem e o Conselho de Justiça deixassem de estar sob a alçada da Federação, o dirigente do Sporting não se importava de ver o presidente de um dos rivais na liderança dos organismos. No primeiro dia do congresso "The Future of Football", o presidente do Sporting apelou à transparência, afirmando que é necessário um sistema de integridade.
"Ou a Liga fica só para o negócio e aí os clubes podem escolher porque é negócio puro e a FPF fica com as seleções e etc. e os clubes podem escolher porque são coisas muito concretas... No modelo atual, prefiro não ser hipócrita e o Governo assumir o seu trabalho. Quando diz que não há intromissão, há. Os casos que estão a haver dos bilhetes, etc. O papel do desporto é do Governo, mas é dado à FPF, que o cumpre. A FPF reconhece a Liga para fazer o papel específico. O Governo está lá sempre: é como ter um filho menor, se roubou, você responde por ele. O Governo já lá está, mas através da FPF e depois da Liga. Se passou essa responsabilidade, das duas uma: ou mantemos este sistema e os clubes têm predominância, ou metem arbitragem, disciplina e justiça à parte. Quando fui à UEFA e a FIFA, riram-se na minha cara sobre o videoárbitro. Os clubes lavam a mão como Pilatos. Dizem, "não, não, eu passei essa responsabilidade para a FPF". No fundo, todos sofremos uma pressão: quero ser eleito e vamos ceder aos interesses. O Governo tem de intervir e assumir a sua responsabilidade. Delega e quem faz o seu trabalho mal, é exonerado. Há um sistema de hipocrisia. Queremos um sistema de integridade, mas estamos dependentes dos que nos elegem. Se retirarem a arbitragem, a disciplina e a justiça da FPF, até podem liderar os presidentes dos meus rivais, que eu não me importo nada", afirmou Bruno de Carvalho.