Há 25 anos, FC Porto acabava com longa seca no andebol: Vítor Baía e Jorge Costa entre os adeptos
Andebol azul e branco havia sido campeão em 1967/68, só voltando a festejar 31 anos depois, em 1998/99, pela mão de José Magalhães
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Passam esta sexta-feira 25 anos que o FC Porto quebrou com 31 anos sem ser campeão nacional de andebol.
19h30, Pavilhão Américo de Sá a rebentar pelas costuras, calculando-se, na altura, mais de sete mil pessoas, em pé, a assistir a um jogo que poderia ser, e foi, decisivo, frente ao ABC – adversário que havia ganho os quatro últimos campeonatos e sete nas anteriores oito edições, série interrompida pelo Belenenses de Ljubomir Obradovic (1994/95). Entre os adeptos contavam-se Vítor Baía e Jorge Costa, numa altura em que o treinador da equipa de futebol era Fernando Santos.
De um lado, o FC Porto comandado por José Magalhães, do outro, os academistas do ucraniano Aleksander Donner, embora, com este na bancada, a cumprir castigo federativo, o "banco" tenha sido entregue a Jorge Rito. Ao intervalo os dragões venciam 10-8, no final e para a história ficou o 17-16 e o rebentar de uma festa sem paralelo.
O encontro ficou marcado pelas lágrimas de Jorge Nuno Pinto da Costa que, na altura, em dezassete anos de presidência, acabava de ser campeão na única modalidade em que lhe faltava a faixa.
José Magalhães, desde 2000/01 diretor geral, teve, no final da partida, expressões curiosas – "O dramatismo dos minutos finais foi natural, quem quer ópera vai ao São Carlos, a Lisboa"; "Não fiz história alguma, quem a fez foi o FC Porto e isso é que é verdadeiramente importante"; "É óbvio que fico satisfeito por oferecer o único título que faltava à gestão desportiva do presidente Pinto da Costa" ou "Não estamos aqui para passear, mas sim para honrar as camisolas do FC Porto, que pesam muito".
No dia seguinte, em entrevista a O JOGO, Magalhães disse uma outra frase que viria a confirmar-se marcante: "O FC Porto vai passar a ser um clube ganhador no andebol". De então para cá, os azuis e brancos foram 15 vezes campeões nacionais, num total de 24 títulos; ganharam quatro Taças de Portugal, num total de nove; sete Supertaças num total de oito; e as três Taças da Liga que ostentam no palmarés.
Sérgio Morgado, Hugo Vaz (Gr); Dragan Bogdanovic (2), Eduardo Filipe (5), Siarhei Kavalenka (5), Rui Rocha (1), Ricardo Costa (3), Ricardo Tavares (1), Manuel Arezes, Mário Soares, Danilo Ferreira e David Tavares (nj) foram os atletas convovados para esse jogo histórico, com uma equipa técnica liderada por José Magalhães, a quem se juntavam Luís Graça e Joaquim Capela (recentemente falecido).
Nélson Almeida, arquiteto de profissão, teve um papel de relevo nesta mudança de mentalidade na secção de andebol do FC Porto. Um dirigente para a história, convencido por Adelino Caldeira e Magalhães a liderar um projeto sem igual na modalidade em Portugal.