José Tavares, ex-treinador e adjunto da equipa B em 2016/17, acolheu o extremo no Olival em 2016/17 e reconhece-lhe uma "evolução fantástica". Trabalho desenvolvido por Conceição permite traçar um paralelismo com o colombiano.
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O "miúdo" que em 2016 chegou à fábrica de talentos do Olival com "um talento em potência enorme" está mais crescido e, volvidos seis anos de ter cruzado o Atlântico à procura do sonho de singrar na Europa, transformou-se num dos jogadores mais desequilibrantes do FC Porto. O desenvolvimento de Galeno enche de orgulho quem com ele trabalhou nos primórdios da aventura em Portugal e, para José Tavares, ex-treinador e adjunto da equipa B em 2016/17, espelha bem "a capacidade de resiliência e vontade de lutar pelo sucesso" que o extremo "sempre demonstrou".
Capacidade para "estar a atacar e defender com um equilíbrio muito bom" leva o ex-técnico do FC Porto B a antever um futuro risonho para o luso-brasileiro. Só precisa de ser consistente...
"A evolução que o Galeno teve é fantástica tendo em conta o talento selvagem em que ele se apresentou. Fantástica mesmo", avalia a O JOGO o agora treinador dos norte-americanos do Charlotte FC, que consegue encontrar algumas semelhanças do luso-brasileiro com Luis Díaz "nas competências que têm no último terço" do terreno.
"É de assinalar o talento imprevisível, criativo e diversificado de Galeno e Díaz na forma de finalizar e criar"
"As comparações são sempre injustas, mas é de assinalar o talento imprevisível, criativo e diversificado dos dois na forma de finalizar e criar jogo. Realmente são capazes de acelerar imenso, de ultrapassar defesas - e isso não é para todos os alas - e, depois, ter capacidade de definir e finalizar. Foi algo em que o Luis Díaz cresceu de forma exponencial com o Sérgio Conceição e o Galeno está a ir pelo mesmo caminho", nota Tavares, detetando mais um fator em comum aos dois. "Há um trabalho desenvolvido pelo Sérgio Conceição e a equipa técnica com jogadores de talento que realmente os faz passar para outro nível. Não é à sorte que isto acontece tantas vezes", salienta.
José Tavares trabalhou durante 14 anos no FC Porto e no verão mudou-se para o Charlotte FC
Olhando para trás, José Tavares lembra um jogador com "uma relação muito boa com a baliza e interessante com a bola, mas difícil com o jogo e muito difícil com a sua complexidade". "Se no início teve alguma dificuldade em perceber tudo, em cerca de três meses o Galeno já mostrava vontade em fazer parte disto e tinha uma característica espetacular, que era uma capacidade de resiliência muito forte. Porquê? Porque quando erras e falhas, e ele falhava bastante, ter novamente a coragem de voltar a tentar, é característica de jogador de topo", considera o treinador português, que explica a primeira saída do clube precisamente com a demora no entendimento das "funções que tem de cumprir" no jogo. "Hoje em dia, essas dificuldades foram completamente superadas por ele. Hoje é capaz de estar a atacar e a defender com um equilíbrio muito bom", indica.
"A evolução que o Galeno teve é fantástica tendo em conta o talento selvagem em que ele se apresentou"
Esse talento esteve em evidência na Liga dos Campeões, competição em que "as circunstâncias foram propícias para que Galeno tivesse todo o sucesso que teve". "A grande questão é se ele continua a manter o nível que já demonstrou" sustenta Tavares, embora os sinais que o extremo portista foi dando ao longo do tempo levem a antever um futuro risonho.
"Se for capaz de alcançar a consistência necessária, o Galeno pode continuar a crescer para outro patamar"
"Acredito que, fruto da capacidade de trabalho, da vontade de lutar pelo sucesso e de estar a provar que é capaz de estar neste nível, se for capaz de alcançar a consistência necessária, pode continuar a crescer ainda para outro patamar", afirma Tavares. Se assim for, o investimento realizado pelo FC Porto será facilmente recuperado.
Máximo de golos da carreira aparece no horizonte
A relação próxima de Galeno com a baliza ficou vincada logo na época de estreia em Portugal (2016/17), quando apontou 13 golos pelo FC Porto B, entre II Liga e Premier League International Cup. A marca vai permanecendo desde então como a melhor da carreira do extremo, que na última temporada, dividida por Braga e FC Porto, não ficou muito longe de a igualar (acabou com 11). Contudo, a atual perspetiva-se como a melhor hipótese para fixar um novo recorde. O luso-brasileiro já faturou por oito ocasiões - cinco no campeonato, duas na Liga dos Campeões e uma na Taça de Portugal - e a época ainda nem sequer vai a meio.