Continuidade do argentino foi debatida nas várias reuniões conduzidas ontem por Villas-Boas, mas o dia terminou sem fumo branco. Presidente portista ouviu os argumentos do técnico, num encontro já previsto para analisar a época e preparar a próxima. Rescisão de contrato poderia ter um custo de 4 M€ para a SAD.
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O futuro de Martín Anselmi alimentou o fluxo noticioso relacionado com o FC Porto durante todo o dia de ontem, mas à hora do fecho desta edição ainda não havia fumo branco sobre o assunto. A possibilidade de o treinador de 39 anos abandonar o clube continua em cima da mesa e até poderá acontecer nas próximas horas, à boleia de uma participação no Mundial de Clubes que terminou sem o objetivo mínimo alcançado (oitavos de final). No entanto, segundo informações recolhidas por O JOGO, André Villas-Boas reservou um período de reflexão de alguns dias para ter a certeza inequívoca de que a dispensa do argentino se trata da melhor decisão nesta fase, depois de ter conduzido um conjunto de reuniões ao longo do dia para debater este e outros assuntos.
Um dos encontros foi precisamente com Martín Anselmi e já estava previsto para o dia seguinte ao regresso a Portugal dos Estados Unidos. O objetivo passava por realizar um balanço da temporada e preparar a próxima. Contudo, a saída prematura da competição organizada pela FIFA, sem qualquer vitória obtida e com o estatuto de equipa europeia menos pontuada, acabou por dominar uma conversa durante a qual o treinador apresentou argumentos para tentar manter-se no cargo, porque sente que nem tudo o que aconteceu nos últimos cinco meses foi da sua responsabilidade. Nico González e Galeno saíram poucos dias depois de se ter estreado, com o Maccabi Telavive, para a Liga Europa, e os desejados reforços não chegaram na quantidade que era entendida como necessária para dar uma imagem diferente da que ficara na reta final do campeonato. Assim, a despedida deu-se sem que fosse comunicada uma decisão definitiva a Anselmi, que deixará ainda hoje o país para iniciar um período de férias na Europa.
Contrato até 2027 e um salário de 2 M€
Caso o despedimento venha a ser uma realidade, como foi amplamente noticiado a partir da hora de almoço de ontem, a administração da SAD liderada por André Villas-Boas sabe que terá um preço avultado a pagar. Anselmi tem pela frente mais dois anos de contrato com os dragões e acredita que é capaz de dar a volta à situação, pelo que não tenciona abdicar dos créditos laborais a que tem direito. O técnico tem um vencimento anual de dois milhões de euros brutos, o que, somados aos 3,1 milhões de euros que os portistas têm de pagar ao Cruz Azul pela contratação, poderá representar um custo na ordem dos sete milhões de euros.
Certo é que se cumprirão amanhã cinco meses exatos desde que Martín Anselmi foi apresentado como sucessor de Vítor Bruno como treinador do FC Porto. Mesmo num contexto desportivo muito complicado, já com a equipa no terceiro lugar do campeonato, a sete pontos do líder (Sporting), e fora da Taça de Portugal e da Taça da Liga, o argentino chegou entusiasmado pela primeira experiência na Europa e ciente da exigência do clube. “Pedi ao presidente para meter mais uma vitrina [no museu] para que, oxalá, a possamos encher”, afirmou em janeiro, com alguma boa disposição à mistura, embora volvido este tempo tenha uma percentagem de triunfos inferior a 50% em 21 jogos, uma goleada (4-1) sofrida em casa contra o Benfica, uma eliminação na Liga Europa com a Roma no play-off e resultados desoladores com o Inter Miami (derrota por 2-1) e o Al Ahly (empate 4-4) no Mundial de Clubes.