Numa entrevista exclusiva a O JOGO o vogal Luís Roque fala em pressões variadas para abandonar o cargo
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Luís Roque abordou o clima de crise que se vive no Sporting e reforçou obrigação moral de continuar no clube.
Quando a Direção está a uma demissão da revogação automática, sofreu algum tipo de pressão para abandonar o cargo de vogal?
Sim, fui pressionado. Fui muitíssimo pressionado nos dias seguintes ao pedido de demissão generalizado da Mesa da Assembleia Geral [Mesa da AG] e do Conselho Fiscal e Disciplinar [CFD]. Houve grande pressão, por todos os lados e de diversas formas, para que avançasse para esse pedido de demissão. Essa pressão aconteceu comigo, com outros colegas meus, mas tem vindo a ser reduzida com o passar do tempo. Nos últimos dias, inclusive, tem sido substituída por muitas mensagens de apoio a pedir que fiquemos, que não desistamos e que continuemos a servir o Sporting como temos vindo a fazer até aqui. Tem sido curioso verificar essa transição.
De que forma foi pressionado, diretamente ou por essas tais demissões na Mesa da AG e CFD?
Há muitas formas de pressão. A própria demissão em bloco da Mesa da AG e do CFD, com a exceção de um dos seus elementos [Fernando de Carvalho], é, por si, uma forma de pressão, ainda que indireta. Também fui alvo de outras, pois recebi mensagens no site da minha empresa, telefonemas... Houve várias formas de pressão diretas e indiretas, maiores ou menores...
Não cedeu. Quer especificar as suas motivações?
-No domingo passado, no Pavilhão João Rocha, tivemos uma sessão de esclarecimento na qual eu e os meus colegas tivemos a oportunidade de explicar o porquê de cada um de nós não se ter demitido. Penso que hoje é claro para todos que há uma pressão, uma manipulação brutal nos órgãos de comunicação social - basta ver quem, de uma forma geral, os controla; basta ver as ligações que as pessoas que querem vir para o poder no Sporting têm para perceber que há uma influência muito grande; basta ver os painéis de comentadores. Gerou-se um efeito de histeria coletiva, que foi desencadeada pelas demissões em bloco nos outros órgãos sociais. Mas espremendo tudo, há um vazio de conteúdo.
Em que sentido?
No dia das demissões, pensei: o que mudou de ontem para hoje? No dia anterior tinha acontecido aquele ato terrorista na Academia, inqualificável a todos os níveis. Pensei, fiz uma introspeção e perguntei-me porque havia de me demitir, uma vez que todos estavam a fazê-lo. Defini um critério muito claro: demitir-me-ei na altura em que considerar, por um lado, que a minha presença no Sporting e na Direção é lesiva dos interesses do clube; por outro, se houver um vínculo sólido de um elemento da Direção a um ato de ilegalidade ou de corrupção - algo que não existe. Passaram a ideia de que o Sporting ia acabar se não nos demitíssemos. Passaram alguns dias e o que é que aconteceu? O Sporting não acabou, reforçámos a posição de ficar e, perante isso, as ações da SAD subiram; os principais patrocinadores manifestaram apoio e disseram que ficariam connosco; os bancos manifestaram disponibilidade para ajudar a ser parte da solução que estava a ser negociada em termos de reestruturação financeira. O sentido de responsabilidade obrigou-me a ficar.