ENTREVISTA, PARTE I - O escocês Holsgrove teve de lidar com um longo calvário de oito meses para recuperar de uma lesão que o obrigou a consultar “uns cinco ou seis especialistas”. O Estoril confiou e propôs-lhe contrato até 2028.
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Foram oito meses penosos, um período longo em que Holsgrove não competiu. Uma rotura parcial do deltóide do tornozelo esquerdo deixou-o de fora mais tempo do que era esperado e obrigou-o a consultar vários especialistas. A O JOGO, o médio de 25 anos, nascido na Escócia, conta como encarou esta fase difícil e assume a gratidão que sente pelo Estoril, que o contratou em definitivo ainda sem estar totalmente recuperado.
Voltou a jogar a 21 de setembro, contra o Rio Ave, depois de oito meses. Qual foi a sensação?
-Foi um sentimento incrível, um pouco como jogar futebol profissional pela primeira vez. Já não me lembrava muito bem qual era o sentimento de estar a jogar. Quando estamos fora tanto tempo, esquecemo-nos um pouco de como são essas sensações.
Desde que recuperou, foi titular em cinco jogos. Esperava impor-se rapidamente no onze depois de uma paragem tão longa?
-Sim, esperava. Era também um pouco o meu objetivo quando rescindi com o Olympiacos e assinei em definitivo pelo Estoril, porque sabia que ia ser titular assim que estivesse bem. Durante o verão, tive contactos com outras equipas portuguesas, mas sabia que não ia estar apto até ao final da janela de mercado. O Estoril já me conhecia do ano em que estive emprestado e deu-me um voto de confiança, mesmo sabendo que ainda não estava recuperado.
Não acusou falta de ritmo competitivo?
-Não, o futebol é jogado muitas vezes com a mente. Se fecharmos a mente para as coisas más e estivermos prontos, conseguimos os nossos objetivos. Não vou dizer que não estivesse um pouco enferrujado no início, mas já me sinto bem.
Já tinha tido alguma lesão tão complicada?
-Já tinha chegado a ficar uns quatro a cinco meses de fora. A questão, aqui, foi o tempo que se demorou a perceber qual era o problema, até se chegar à conclusão de que era preciso operar. Inicialmente, seria só uma paragem de três semanas. Passou esse tempo, ainda não estava bem, e disseram que eram mais três semanas. Foram quase três meses sem saber bem qual o tratamento a seguir, consultei uns cinco ou seis especialistas. Numa altura, cheguei a ir a Madrid falar com quatro médicos, todos especialistas em diversos aspetos da lesão. Uns diziam que era para operar, outros não. O próprio Olympiacos, clube ao qual estava ligado, tentou evitar a operação. Até que se viu que a cirurgia era a melhor solução.
Enquanto estava a recuperar rescindiu com o Olympiacos e assinou pelo Estoril. Sentiu que não tinham confiança na sua recuperação?
-Eles tinham confiança e acreditavam em mim. Contudo, sabia que não ia fazer parte da equipa do Olympiacos. Oito meses de fora, e com a minha idade, tinha de procurar um clube onde pudesse jogar. Não queria ficar no banco quando voltasse da lesão. Infelizmente, fiquei com pena de não ter feito nenhum jogo oficial pelo Olympiacos, mas sinto que esta foi a melhor decisão para a minha carreira.
O Estoril está em 11.º lugar, com 13 pontos. Que balanço faz até agora?
-Podíamos estar mais bem classificados, houve jogos em que empatámos e fizemos o suficiente para vencer. Temos muitos jogadores novos, mas há muito talento. Acredito que temos capacidade para fazer melhor do que o 13º lugar do ano passado.
“Vou sempre recordar o golo no Dragão”
Na época passada, Holsgrove marcou o golo da surpreendente vitória do Estoril na casa do FC Porto (1-0), um momento que considera especial na carreira. “Vou recordar para sempre o golo no Dragão, porque foi um ponto de viragem. Não estávamos a ter bons resultados, mas sentimos que, ao ganhar naquele estádio, podíamos ganhar a qualquer equipa”, vincou, destacando também a final da Taça da Liga, perdida para o Braga: “Foi uma experiência mágica. É verdade que acabei por me lesionar, mas não me arrependo”.