Bruno de Carvalho será o 21.º e último arguido depor, depois de durante a manhã terem sido ouvidos Eduardo Nicodemes e Ricardo Neves.
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"Perguntei a um dos jornalistas a que horas era o treino e disse-me que era às 17h30. Esperei uns minutos e voltei para trás. Deparei-me com uma caravana de carros com piscas ligados. Vi que eram elementos ligados ao Sporting. Fiz marcha atrás e fui atrás deles até a um parque de terra batida", começou por recordar o arguido Eduardo Nicodemes, que começou por dizer no Tribunal de Monsanto que esteve a 15 de maio de 2018 na Academia do Sporting para "arranjar bilhetes para a final da Taça de Portugal".
"O meu instinto disse me para ir ver o que se passava. Jesus indicou-me a ala profissional. Quando cheguei, entrei e vi Manuel Fernandes, que me expulsou dali. Exaltado e completamente enervado. Eu disse: 'Mas, o Jesus pediu-me para ajudar!'", acrescentou. "Ouvi gritos, mas não vi fumo. Entrei em pânico e fiquei enervado... o Jesus estava muito exaltado", disse também.
Por diversas vezes diz que naquele dia foi à Academia para ter bilhetes para a final da Taça de Portugal, que nessa semana o Sporting disputou com o Aves. "Fui à Academia e até deixei um papelinho a dizer que regressava às 18h. Depois voltei ao café", afirmou esta sexta-feira. "Não pensava em mais nada. Só queria bilhetes para tudo. Quando houve contacto no grupo de WhatsApp foi um alívio, porque era uma forma de ter bilhetes. Pessoalmente, dos arguidos, só conheço o Tiago Silva. Sou um viciado. Peço fotos, bilhetes... Porque sei que cada jogador tem direito a três", disse.
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Sobre o facto de estar no grupo de adeptos no WhatsApp, o arguido diz que era porque queria bilhetes. "Quando houve contacto no grupo foi um alívio, porque era uma forma de ter bilhetes. Pessoalmente, dos arguidos, só conheço o Tiago Silva. Sou um viciado. Peço fotos, bilhetes... Porque sei que cada jogador tem direito a três. No dia 13 vi que havia contestação e apenas dei uma opinião. Só estava no grupo Chefe de Núcleos. Eu depois do jogo estava no meu café e tinha aquilo cheio".
A minha vida foi toda por água abaixo, tive prejuízo no café e a saúde da minha mãe piorou. Ainda não ganho para os gastos. Não tive a perceção da gravidade dos acontecimentos. Para o Sporting e para os jogadores e para o país", concluiu Eduardo Nicodemes, antes de ser dispensado.
Bruno de Carvalho será o 21.º e último arguido depor, depois de durante a manhã terem sido ouvidos Eduardo Nicodemes e Ricardo Neves.
O antigo presidente do Sporting, tal como o líder da claque Juventude Leonina, Nuno Mendes, conhecido como Mustafá, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos, responde, como autor moral, por 40 crimes de ameaça gravada, 19 crimes de ofensas à integridade física qualificadas e por 38 crimes de sequestro (estes 97 crimes classificados como terrorismo, puníveis com pena de prisão de dois a 10 anos ou com as penas correspondentes a cada um dos crimes, agravadas em um terço nos seus limites mínimo e máximo, se estas forem iguais ou superiores).
Os restantes 41 arguidos são acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.