<strong>REPORTAGEM - </strong>O arranque da sensação do campeonato está a dar a volta à cabeça dos adeptos, mas a devoção de um trio de amigos ao "Vila Nova", uma das designações dadas ao "Fama", não é de agora e contempla várias histórias.
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Esta segunda-feira é, para muitos portugueses, o primeiro dia de trabalho de mais uma semana como tantas outras. Mas não para João Silva, José António e Paulo Silva, três amigos que "abdicaram" dos respetivos empregos e vão fazer cerca de 700 quilómetros para apoiarem o Famalicão em Alvalade.
João Silva, José António e Paulo Silva deixaram o trabalho para trás durante um dia e vão fazer-se à estrada para irem a Alvalade. Farão parte de um leque de 800 adeptos
"No meu caso, o meu trabalho fica para terça-feira. Consegui trocar", explica João Silva, técnico de manutenção mecânica. "Eu meti uma tarde de férias", conta o contabilista José António, que já utilizou os dias de férias noutras ocasiões para não faltar aos jogos do "Fama". O caso mais insólito é o de Paulo Silva, que tinha exames médicos agendados. "Pedi ao médico para passar o exame para sábado ou para terça-feira. Se não deixasse? Ia ponderar... era mais dia, menos dia", garante o gestor de uma empresa gráfica, que nem pôs a hipótese de não ir a Lisboa. "Quem há dez anos foi ver o "Vila Nova" ao Martim, a Santa Eulália, a Forjães... isto é como um filho que estava mal na vida e agora está cheio de dinheiro", brincou, aludindo ao primeiro lugar dos minhotos à entrada para esta jornada. "É um orgulho", acrescentou.
"Há dois anos, o Paulinho foi ao Benfica B ver o "Fama" levar 5-0"
A conversa com o trio desenrola-se num café que costuma estar apinhado de adeptos do "Fama" e na parede há um cachecol... do Leicester, um exemplo de um campeão improvável que tantos sonhos tem dado a alguns famalicenses. "Até à quinta jornada estamos a ser um Leicester", diz João Silva. "Se fôssemos à Liga Europa, já era algo anormal", opina José António. As loucuras em prol do futebol não são de agora. Que o diga Paulo Silva. "Em 1990, a antiga claque extinguiu-se e, entre elementos de claques, fundámos os atuais Fama Boys. Na altura éramos meia dúzia... na segunda deslocação, já na I Divisão, fomos ao Belenenses e pedimos ao míster Abel Braga se podíamos vir para cima com a equipa, porque estávamos completamente tesos. Nunca mais me esqueço. Íamos andar a pedir até chegar a casa", recorda o adepto com um sorriso nostálgico. João Silva toma a palavra para contar outra loucura de Paulo, descrito pelos amigos como o mais ferrenho do grupo: "Há dois anos, no primeiro jogo, que foi a meio da semana, do Vasco Seabra como treinador do "Fama", o Paulinho e o Vítor Costa estavam a trabalhar e decidiram à última hora ir ao Seixal ver o encontro contra o Benfica B. O Famalicão perdeu 5-0..."
"No ano passado fomos a Faro e levámos merenda para dois dias"
Voltando ao tema Sporting, o sr. Lino, dono do estabelecimento onde esta reportagem decorreu, tem o coração dividido entre o verde e o azul. "Eu sei que o Lino quer que o Famalicão ganhe. Se fosse ao contrário, nunca mais cá vinha", provoca José António.
Para além do desejo de vitória, na viagem do grupo rumo a Lisboa não vai faltar muita comida... e bebida. "No ano passado, a primeira saída do Famalicão foi em Faro. Dormimos por lá e saímos domingo de manhã de Olhão. Só chegámos a Famalicão às 21h00. Em tudo o que era sítio parávamos, comíamos e bebíamos. Levámos merenda para dois dias e ainda bem que a polícia não mandou parar, senão era um descalabro", atira. Esta noite, João Silva, José António e Paulo Silva serão três dos 800 minhotos presentes em Alvalade.
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Ausência de Bruno Fernandes aumenta a fé
Bruno Fernandes está castigado e é a grande ausência do lado do Sporting, deixando os adeptos do Famalicão a esfregarem as mãos. "Aumenta em mais de 50 por cento as nossas hipóteses de vencer", considera João Silva. Já Paulo Silva tem fé num "empatezito", assim como José António. Longe vão os tempos recentes em que o Famalicão foi a Alvalade fazer a festa da Taça. "Desta vez não é assim, se perdermos vimos com uma cabeça...", atira José António. "Quando chegarmos, é tomar um banho, dormir umas horas e ir trabalhar", completa.
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