Foi decisivo para o Vitória e quem o conhece bem recorda: "Era um cavalo solto na arena"
Carlos Pinto treinou o avançado brasileiro Anderson e fala de um jogador com enorme margem de progressão, que sentia dificuldades táticas por ter iniciado tarde a carreira
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Anderson deixou a sua marca no dia em que o V. Guimarães realizou o último jogo da época no Estádio D. Afonso Henriques. O avançado brasileiro apontou o golo do triunfo contra o Gil Vicente, terminando com um longo jejum de 12 jogos sem marcar. Curiosamente, o último golo também tinha sido diante da equipa gilista, na primeira volta do campeonato.
Anderson começou a jogar futsal e só iniciou a carreira de futebolista com 18 anos, no modesto Guaratinguetá, na III Divisão do Brasil. Carlos Pinto treinou-o no Famalicão e fala de um jogador explosivo.
A cumprir a primeira época no Vitória, depois de cinco anos no Famalicão e de uma curta passagem pelos chineses do Beijing Guoan, em 2021, Anderson chegou aos 37 jogos em todas as competições na presente temporada, um recorde como profissional, e está a um golo de igualar o melhor registo da carreira: nove em 2018/19. Foi nessa época que trabalhou com Carlos Pinto no Famalicão. O atual treinador do Al-Jabalain, da Arábia Saudita, fala com carinho do avançado brasileiro. "Foi um menino que me surpreendeu quando cheguei ao Famalicão. Vi um jogador muito explosivo, que tinha dificuldades em termos táticos. Na altura até usávamos a expressão que ele era um cavalo solto dentro da arena", conta Carlos Pinto em declarações a O JOGO.
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Mal começou a trabalhar com Anderson, o antigo treinador do Famalicão percebeu que tinha em mãos um diamante em bruto, pronto a lapidar. Na verdade, o avançado só começou a jogar futebol quando tinha 18 anos. Para trás ficara o futsal. "Como começou a carreira mais tarde, tinha muitas dificuldades táticas. Não é a mesma coisa começar a jogar com oito anos ou mais tarde, como foi o caso dele", explica Carlos Pinto, certo da evolução do avançado que, em 2016, representava o modesto Guaratinguetá, na III Divisão do Brasil. "Acredito que já evoluiu desde que chegou ao Vitória e vai continuar a evoluir, porque tem margem de progressão. Não me surpreende, inclusive, a ascensão e o sucesso que teve no Famalicão e que o levou ao Vitória".
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Apesar de já ter batido o recorde de carreira em termos de jogos (37), a verdade é que apenas 18 foram como titular, num total de 1685 minutos. Na última jornada, voltou aos golos depois de uma volta completa no campeonato sem marcar. Carlos Pinto considera que essa ausência tem uma explicação lógica. "Não é um titularíssimo e isso acaba por ter interferência", justifica, certo de que os adeptos do Vitória ainda vão ver uma versão bem melhor do atacante. "O Anderson tem margem de progressão, até porque estamos a falar de um menino. Estes anos ainda estão a ser uma aprendizagem para ele", lembra.
"Menino muito humilde, que queria aprender e estava sempre disponível para ouvir o treinador e os colegas"
Pelo tempo que trabalharam juntos no Famalicão, mas também por ter continuado a acompanhar a carreira do ponta-de-lança, o treinador do Al-Jabalain garante que o brasileiro tem argumentos para continuar a crescer. "É forte a atacar o espaço e no um contra um. Além disso, é um finalizador nato, muito forte dentro da área", destaca, deixando ainda mais elogios. "Aliada à qualidade futebolística, a qualidade humana também o favorece. Tem a vantagem de ser um menino muito humilde, que queria aprender e que estava sempre disponível para ouvir o treinador e os colegas."
Mudança no comando técnico resultou em chuva de golos
Carlos Pinto trabalhou com Anderson no Famalicão nas últimas oito jornadas da II Liga da época 2018/19, registando sete vitórias consecutivas e apenas uma derrota, na última ronda, quando a subida já era certa. E foi desde a mudança no comando técnico que o avançado brasileiro disparou, marcando, nesse período, seis dos nove golos que contabilizou nessa época, tendo mesmo feito um "hat-trick", contra o Varzim. "Jogávamos em 4x4x2, um sistema que o beneficiava e no qual ele estava completamente à vontade. Depois, jogou em 4x3x3, solto na frente, praticamente sozinho", recorda o atual treinador dos árabes do Al-Jabalain.