Ademir jogou duas épocas no berço e os leões tombaram nas duas visitas, com o brasileiro a brilhar num 3-1. Fez grande parceria com Cascavel e tem memórias doces do Castelo.
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Ademir Alcântara faz parte das memórias coletivas. Um brasileiro de futebol delicado e movimentos inebriantes que entraram em Portugal no final dos anos oitenta, tendo sido o Vitória de Marinho Peres responsável por esse acolhimento e o espaço dado a tal perfume e magia.
Chega em 1986/87 com o central Nené. Logo a equipa de Guimarães faz maravilhas com um 3.º lugar na Liga e uma aventura europeia que acaba nos quartos da Taça UEFA.
Funcionava a dupla com Paulinho Cascavel, que entretanto ruma ao Sporting. Mesmo sem o grande parceiro, Ademir goza, no total, dois anos de excelência na cidade-berço: faz 85 jogos e marca 26 golos, transferindo-se para o Benfica e abrindo, então, uma guerra fortíssima com o FC Porto.
Contra o Sporting, próximo adversário do Vitória e no Afonso Henriques, Ademir mostrou predicados vários e o seu histórico ao serviço dos conquistadores permite consultar dois triunfos por 3-1 e 3-2 em casa, e empates em Alvalade (1-1 e 2-2).
Tempos de uma equipa munida de recursos superiores aos atuais e de jogadores lembrados como fazendo parte da nobre constelação dos melhores da história do clube. Ultimamente, o Vitória leva oito jogos sem vencer os leões, e uma só vitória em 17 jogos. "Do Sporting, só mesmo boas recordações, de grandes jogos, grandes resultados e em que também me exibi bem. Os jogadores atuais podem espelhar-se nesses tempos, o Vitória dominava e tinha também a sua sortezinha", admite. "Quem está aí tem de perceber que está tudo reunido para fazerem um grande jogo, a começar pelos adeptos. Isso coloca a dificuldade do outro lado e o Sporting sentia-se bem atrapalhado para alcançar bons resultados em Guimarães. Espero que consigam recuperar essa inspiração para fazer um bom jogo e sacar o melhor resultado", atesta Ademir, recuando aos brilharetes de uma equipa cheia de samba e ritmo zairense.
"Lembro o 3-1, uma grande partida nossa, com viragem do resultado. No último golo, passo por dois jogadores do lado esquerdo, chego à linha de fundo, olho e passo para trás, para o Costeado, que remata para o golo. Em Alvalade, é o Costeado que devolve!", rebobina. Tinha 24 anos quando chegou a Guimarães. "Foi uma aventura. Chego com Nené. A passagem por Guimarães acabou por ser maravilhosa, os adeptos foram formidáveis e a cidade fantástica. A identificação foi fácil, havia muita sintonia com os brasileiros. Inesquecível aquela receção no Toural depois da eliminatória com o Atlético Madrid. Aí sentimos que fomos campeões!", lembra, rendido ao rendilhado jogo de Marinho Peres. "A equipa marcou-me no seu todo. Eram imensas opções, até no banco. Dava gosto de jogar nesse Vitória, de muita qualidade técnica, somada a muita força e vontade. Marinho e Autuori fizeram um trabalho incrível", remata o brasileiro, hoje com 60 anos.