Felix Bacher, contratado ao Tirol, admite que não sabia da existência do clube canarinho e só tinha outra referência da região. O defesa teve de esperar até novembro por uma oportunidade para jogar, mas quando ela surgiu nunca mais saiu do onze. Agradece a paciência e diz estar agora adaptado ao clube e à liga.
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Foi no final de julho que Felix Bacher decidiu dar um novo rumo à carreira e assinar pelo Estoril. Contudo, o central austríaco, de 24 anos, contratado ao Tirol, ainda teve de esperar mais de três meses para fazer o primeiro jogo oficial, momento que só chegou a 9 de novembro, aquando do empate na receção ao Aves SAD (0-0). “Foi muito bom quando tive a minha oportunidade. Sabia que trabalhava bem e ia surgir de forma natural. Senti-me bem nesse primeiro jogo”, conta, a O JOGO, recordando também como foi a adaptação ao futebol português. “Há coisas que por vezes demoram a acontecer e, como tudo agora está a correr muito bem, estou feliz pelo tempo dado para me adaptar. Ninguém apressou nada e foi tudo feito nas alturas corretas”.
A verdade é que o defesa não desperdiçou essa oportunidade e, desde então, não saiu mais do onze. “Sinto que já sabem qual é o meu papel na equipa e há um grande respeito entre todos os jogadores”, observa Bacher, confessando que conhecia pouco sobre o clube quando assinou: “Associava apenas o nome Estoril à antiga pista de Fórmula 1. Da equipa de futebol não tinha ouvido falar, para ser honesto. Mas até conhecia alguma coisa da liga portuguesa, principalmente os melhores clubes e a qualidade dos jogadores”.
Quando Felix Bacher se estreou, a equipa estorilista ainda jogava com uma linha de quatro defesas. No entanto, após esse empate com o Aves SAD, o treinador Ian Cathro decidiu mudar a tática para 3x4x3, com o austríaco a ter como companheiros no eixo Kévin Boma e Pedro Álvaro. “Gosto de jogar nesse sistema, até porque temos três centrais que são fortes e rápidos e conseguimos ajudar-nos mutuamente. Também creio que seja a tática mais estável para a equipa”, analisa, enumerando algumas diferenças entre o futebol português e o austríaco. “Em Portugal, os jogadores têm mais habilidade técnica e as equipas tentam controlar a bola e jogar futebol. Já na Áustria, as formações mais pequenas chutam a bola para a frente e tentam pressionar alto”.
Na última jornada, o Estoril venceu em casa do Estrela da Amadora, resultado que permitiu terminar a primeira volta do campeonato em 12.º lugar, com 18 pontos. Uma campanha considerada positiva pelo austríaco. “Houve muitas mudanças no clube e a equipa precisou de algum tempo para se adaptar a isso, principalmente às ideias do treinador. Temos um bom ambiente, existe boa química entre os jogadores e creio que já estamos a começar a mostrar no campo o que fazemos nos treinos”, aponta Felix Bacher, destacando como Ian Cathro conseguiu cativar o plantel. “É um bom treinador e estamos sempre a aprender algo com ele. Mesmo quando não estava jogar, sentia que os ensinamentos dele faziam-me evoluir como jogador”.
Sem saudades do frio e da neve na Áustria
O clima ameno é um dos aspetos que encanta mais Felix Bacher em relação a Portugal, algo que contrasta com o frio intenso da Áustria. “É muito estranho para um austríaco. Normalmente, estamos a tremer por esta altura e a ver a neve a cair. Na cidade de onde sou natural, estão 10 graus negativos por esta altura. Aqui está sol e é muito mais agradável”, partilha o defesa, também rendido a um traço gastronómico: “Gosto muito de ovos rotos”.
Futebol português com mais visibilidade para chegar à seleção
Felix Bacher acredita que, ao ser utilizado com regularidade no Estoril, pode chamar a atenção do selecionador da Áustria, Ralf Rangnick. “Acredito que jogar numa liga como a portuguesa pode ter um grande impacto e talvez haja mais hipóteses de ser chamado do que se continuasse no campeonato austríaco”, conta o central, que chegou a representar o país nas camadas jovens. No entanto, apesar de ser um sonho, não encara a chegada à seleção austríaca como uma obsessão. “O meu objetivo imediato é evoluir e ajudar o Estoril”, refere.