Feirense-Chaves: delegado de saúde terá tido conhecimento de um jantar na véspera
No mesmo dia em que se soube que quatro elementos do Chaves estavam infetados, o delegado de saúde regional terá tido conhecimento de um jantar do plantel na véspera e não quis arriscar
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O jogo entre o Feirense e o Chaves, relativo à primeira jornada da II Liga, foi na sexta-feira adiado por indicação das autoridades de saúde quando as equipas já estavam em campo, prontas para o início do duelo e já com o aquecimento feito, isto no mesmo dia em que foram conhecidos quatro casos positivos de covid-19 no plantel flaviense (os jogadores Samu e Guzzo e os adjuntos Pedro Machado e Tiago Castro).
A Liga diz terem sido cumpridos todos os procedimentos divulgados no Plano de Retoma do Futebol. A indicação para o cancelamento, apurou O JOGO, foi dada pela própria Graça Freitas, diretora-geral da Saúde.
O dia começou com a notícia de que quatro elementos do plantel do Chaves estavam infetados, ainda que assintomáticos, o que levou o delegado de saúde regional a ordenar o isolamento das pessoas em questão, de acordo com as normas em vigor.
No entanto, esse mesmo delegado terá tido depois conhecimento da existência de um jantar dos jogadores flavienses na véspera e, em função disso, comunicou as suspeitas a Graça Freitas para definir o que fazer. E a diretora-geral da Saúde decidiu que o jogo não se podia realizar, não obstante o protocolado, que diz que os jogadores infetados são tratados como lesionados.
Feirense-Chaves foi adiado por indicação de Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, por receio de contágio da infeção. Os jogadores já estavam em campo
No meio de tudo isto, terá havido erros no envio de emails, que atrasaram o adiamento do jogo. Pelas 19h40, o delegado de saúde regional ter-se-á enganado no endereço eletrónico do clube transmontano e a Liga exigiu que houvesse uma comunicação oficial das autoridades sanitárias, daí que os jogadores tenham estado cerca de 25 minutos à espera da decisão. Um pouco antes das 20h30 o tal email chegou e, aí sim, o árbitro João Gonçalves cancelou o encontro.
Importa clarificar que a Direção-Geral da Saúde classificou o futebol como atividade de risco médio e que as equipas da II Liga apenas estão obrigadas a realizar testes de dois em dois jogos. A exceção é a primeira jornada do campeonato, em que todas as equipas têm de se submeter a exames de despiste.
Outro dado com peso é que, conforme está protocolado, o jogo fica em condições de se realizar com um número mínimo de sete jogadores, contando-se entre eles um guarda-redes e um capitão.
"A Liga, e apesar de existirem condições para a realização do jogo, segundo o Plano de Retoma e perante o cumprimento da Lei 3 das Leis de Jogo, compromete-se, agora, a apurar os motivos que levaram à existência destes casos no plantel do Chaves", escreveu a Liga em comunicado. Resta saber se o Chaves incorre em alguma penalização e se, com dois jogos cancelados (Ac. Viseu-Académica também foi adiado), o início das provas e a própria estabilidade destas não estará em causa.
De acordo com a DGS, a identificação de um caso positivo não torna, por si só, obrigatório o isolamento coletivo das equipas, se bem que, segundo apurou O JOGO, as autoridades de saúde transmontanas tenham aconselhado o Chaves a uma quarentena, informação que o clube diz não ter recebido.