A FPF fez balanço e assinalou crescimento no número de jogadores inscritos, uma tendência com perspetivas de continuar, já que a época ainda vai a meio.
Corpo do artigo
O futebol resiste à pandemia e até mostra sinais de grande vitalidade. Um levantamento feito pela FPF indica que o número de atletas federados é agora ligeiramente superior ao verificado no início da época de 2019/20. Quer isto dizer que os receios mais pessimistas face aos constrangimentos da suspensão dos campeonatos, como medida preventiva na propagação da covid-19, não se confirmaram. O futebol sobreviveu aos abalos e às previsões de desistências de jogadores, o que poderia pôr em causa a prática desportiva.
Esta resiliência entusiasmou o elenco dirigido por Fernando Gomes, já que, na comparação com o período pré-pandemia, o número de federados apresenta um aumento (0,5%), sendo de sublinhar que se está a meio da época e há mais de 180 mil federados. Um efeito igualmente registado nas categorias femininas. Ou seja, o futebol progride concomitantemente com a pandemia, mas de uma forma positiva. Um trajeto ascendente para o qual contribuíram os programas das associações distritais. A criação de campeonatos destinados aos sub-21, sub-22 e sub-23 teve um efeito persuasivo nos atletas mais jovens, que antes desistiam e agora dispõem de equipas onde podem competir e, assim, iniciar o processo de transição para o escalão sénior (16 por cento de crescimento).
José Couceiro, diretor técnico da FPF, enfatiza estes dados como sendo uma "demonstração de grande capacidade de resistência dos clubes e associações. Numa fase muito difícil, procuraram soluções e alternativas para manter a atividade e a competição. Há que olhar para dois patamares: o da retenção e da iniciação. Neste particular, registamos um crescimento que nos dá sinais claros de que continua a haver o gosto pelo futebol e que há muitas crianças a querer jogar à bola", sublinhou.
O papel dos clubes tem sido preponderante nesta dinâmica de crescimento. O Leixões surge na frente com um registo particularmente entusiasmante e que reforça o seu estatuto de clube formador (727 atletas). "Fizemos um enorme esforço para valorizar cada vez mais jovens. Exemplo disso é o facto de a SAD ter criado a equipa B, um grande esforço feito por esta administração", explica João Eusébio, coordenador técnico da SAD leixonenses, reconhecendo o investimento dos responsáveis num contexto adverso que subtraiu capacidade de tesouraria por quebra de receitas. O emblema de Matosinhos é exemplar no aproveitamento de ativos para a equipa principal, que acolheu "Morim, Ricardo Teixeira, Tiago Silva, Isnaba, Ruben Candal, entre muitos outros, que evoluíram nos sub-23 e mais nomes vão surgir. Ainda agora, voltamos a colocar um jogador na seleção nacional sub-18, o Gonçalo Santos", acrescentou João Eusébio.
Leixões dá exemplo na formação
O Leixões é o clube com mais atletas federados no futebol masculino (612) e o segundo com maior número total de praticantes (727), atrás do Benfica, com 740. O Leixões tem um universo total de 31 equipas em todos os escalões, desde os sub-6 aos sub-23. "A qualidade do trabalho desenvolvido no processo formativo e as pessoas que trabalham têm sido a grande arma para o aumento do número de praticantes", explicou José Manuel Ferreira, coordenador de formação do Leixões, "um clube histórico no futebol de formação em Portugal", indicando exemplos das melhorias introduzidas. "Foi reforçado o plano de ação e organização do departamento de futebol de formação: nos recursos humanos do departamento médico, psicologia e nutrição, bem como na gestão dos equipamentos e naquisição de material de treino", explica.
Deficiências graves nas condições
As dificuldades provocadas pela crise pandémica obrigaram a um esforço para que o número de atletas federados continuasse na linha do que se registava há dois anos. Uma das formas para tentar cativar mais atletas é dar-lhes condições para praticar futebol. Como reconhece José Couceiro (na foto), "os próximos tempos serão ainda muito difíceis e é fundamental não esquecer que o país tem uma grave deficiência de infraestruturas". Por isso, acrescenta o dirigente federativo, "é preciso continuar a tentar resolver esta questão que é estrutural e determinante."
Medidas estratégicas no Porto
A maior associação distrital está sediada no Porto, o que lhe dará a vantagem no que concerne ao número de atletas federados, comparativamente às suas congéneres (32 724 versus 28 400 de Lisboa e Braga com 18 718). Ainda assim, acusa um decréscimo de 1500 atletas inscritos, em relação a 2019/20, mas "que serão recuperados no mês de janeiro", indica o presidente, José Manuel Neves, que se orgulha de revelar que em 2020/21, no pico da crise pandémica, recebeu mais de 25 mil inscrições. "O principal obstáculo tem sido nas camadas jovens, especialmente nos atletas com idade inferior a 12 anos. Ou seja, atletas ainda não vacinados", explica, acreditando que, com o efeito da vacinação desta faixa etária, "os receios desses atletas se minimizem e regressem às provas com segurança e normalidade." Para contrariar esta tendência, a AF Porto adotou algumas estratégias com "um trabalho personalizado e de sensibilização junto de clubes, autarquias, pais e escolas, para que esses atletas regressem à competição". Além disso, criou diversas soluções. "Criámos provas, isentando o pagamento de inscrições e distribuição de testes covid-19 aos clubes." Seguindo a política de retenção de jovens, a AF Porto organiza esta época o campeonato de sub-23 (46 equipas com cerca de 1200 atletas) que, segundo o líder da associação, "foi essencial para esses atletas não tivessem abandonado a competição."
14442918