Empresa propõe adiantar dois meses da nova época e ignora o tempo extra do campeonato televisivo.
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FC Porto, Vitória de Guimarães, Rio Ave e Boavista poderão vir a dar uma resposta conjunta à intenção da Altice de antecipar verbas correspondentes a dois meses da nova temporada, para descontar depois.
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Os clubes discordam dessa argumentação. A empresa detentora dos direitos de televisivos destas SAD entende que, desta forma, estaria a compensá-las pelos dois meses em que a competição esteve suspensa, devido ao surto de covid-19.
O plano foi conhecido na quinta-feira, por altura do anúncio de "resultados históricos" no primeiro trimestre deste ano, com um aumento de receitas de 2,6 por cento para 522 milhões de euros. Segundo o presidente executivo da Altice Portugal, traduz a disponibilidade da empresa para ajudar à liquidez dos clubes, aos quais suspendeu os pagamentos relativos a abril e maio, meses em que a bola não rolou de todo. Com a retoma da competição, a partir de 3 de junho e até 26 de julho, o dinheiro volta a entrar nas SAD e com essa possibilidade de reforço de tesouraria, para mais tarde descontar.
Detentor dos direitos televisivos de FC Porto, Vitória de Guimarães, Rio Ave e Boavista quer cortar duas parcelas do pagamento contratualizado, mas os visados estão unidos na contra-argumentação
Nenhum dos clubes em causa quis comentar esta proposta, no entanto, O JOGO sabe que o assunto tem sido discutido ao mais alto nível, entre os presidentes, para que a ação seja concertada, na medida em que os argumentos são comuns. Ou seja, ao oferecer-se para antecipar duas das 12 parcelas por que se distribuem, anualmente, os contratos, a Altice sublinha a intenção de recuperar esse dinheiro mais à frente.
Na perspetiva dos clubes, que têm nos direitos televisivos a principal fonte de receita, a empresa está a passar por cima de um argumento determinante: este campeonato será o mais longo de sempre, em Portugal, prepara-se para se estender por mais dois meses. Além disso, as limitações impostas pela Direção-Geral da Saúde para a retoma da competição, sem público nas bancadas, fazem com que o futebol regresse convertido, mais do que nunca, num espetáculo televisivo de excelência, a convidar ao aumento dos lucros. Desde logo, com horários à medida dos interesses dos operadores bem evidentes no calendário. Estas circunstâncias, entendem os clubes, não devem ser ignoradas pela Altice, na hora de voltar a discutir os pagamentos. Conversar com os clubes a uma só voz é o caminho que se desenha.