Na Capital Móvel, Mbemba garantiu a sétima vitória no campeonato com o carimbo do setor mais recuado. Um quarto dos pontos do FC Porto na prova foram alcançados dessa forma
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Uma das velhas "máximas" do futebol encaixa que nem uma luva no FC Porto, versão 2019/20: o melhor ataque é a defesa.
FC Porto tem mais pontos conquistados na sequência de golos dos defesas do que Benfica, Sporting e Braga em conjunto
A equipa de Sérgio Conceição é, de longe, a que mais e melhor tem aproveitado, no campeonato, os golos marcados pelos jogadores do setor mais recuado. O remate de Mbemba que assegurou o triunfo frente ao Paços de Ferreira foi apenas o exemplo mais recente, que elevou para 18 os pontos conquistados com golos decisivos dos defesas. Ou seja, um quarto dos 70 pontos que os dragões têm na prova foram conseguidos através da produção ofensiva dos homens de trás. Estes são mais do que os pontos que os defesas do Benfica (5), Sporting (7) e Braga (1) conseguiram em conjunto.
O FC Porto não sofre golos há quatro jogos seguidos - 16 no total do campeonato -, mas os seus jogadores mais recuados têm ajudado a resolver os jogos também no ataque
Se acrescentarmos que o FC Porto tem a defesa menos batida do campeonato - 18 golos encaixados e 16 jogos sem sofrer - percebe-se que esta propensão para o ataque não tem afetado a eficácia defensiva e que esta conjugação de atributos tem sido decisiva na corrida pelo título. Basta atentar à diferença de pontos conquistados pelos portistas dessa forma em relação aos rivais.
Alex Telles é o melhor marcador do FC Porto na Liga, com nove golos
Mas há mais: esta tendência vem desde o início da época, mas acentuou-se nos últimos tempos, fase em que Sérgio Conceição até foi forçado a mexer constantemente no setor por causa da lesão de Marcano e das suspensões de Alex Telles e Manafá. Ainda antes da paragem, frente ao Santa Clara, Manafá e Marcano carimbaram o triunfo (2-0) e logo a seguir Mbemba fez o empate na receção ao Rio Ave (1-1).
Entretanto, a pandemia parou tudo, mas não afetou a pontaria dos defesas do FC Porto. Na retoma, a equipa perdeu em Famalicão, mas foi Corona, usado a lateral direito, a marcar o único golo. O mexicano até seria decisivo na jornada seguinte (1-0 ao Marítimo), mas jogou como extremo e, por isso, não entra nestas contas. No dérbi houve goleada com um golo de Alex Telles pelo meio, até que Mbemba foi decisivo na Capital do Móvel. Ao todo, os defesas portistas já marcaram por 19 vezes no campeonato, tendo oferecido sete vitórias e três empates.
Mbemba: em Paços de Ferreira, o congolês fez o único golo da vitória portista
Detalhando, como se pode ver numa das infografias [fim do texto], Alex Telles, com golos de penálti ou de bola corrida, já garantiu cinco pontos e ainda contribuiu para o triunfo em Portimão, onde marcou juntamente com Marcano. O espanhol, além desse jogo também resolveu na receção ao Gil Vicente e ao Aves, garantindo mais quatro preciosos pontos. Pepe sacou um ponto nos Barreiros. Mbemba deu três pontos, no empate com o Rio Ave e na vitória com o Paços de Ferreira - se não marcasse, o FC Porto empataria - e Manafá ajudou ao triunfo com o Santa Clara.
Só não deixou marca na Europa
Se no campeonato o FC Porto tem sabido aproveitar bem a produção ofensiva dos seus defesas, nas provas europeias aconteceu o oposto: em dez jogos (oito na Liga Europa e dois na pré-eliminatória da Champoins) não há registo de qualquer golo assinado por elementos do setor mais recuado. Um dado que, atendendo ao que se passa internamente, pode ajudar a justificar o insucesso da equipa.
De resto, na Taça de Portugal, há três golos de defesas (Alex Teles, Marcano e Mbemba), sendo que o do espanhol ao Varzim (2-1) foi decisivo para seguir na eliminatória. Na Taça da Liga também foram três golos (Alex Telles, Saravia e Diogo Leite) e o do central bastou para derrotar o Varzim.