"FC Porto não tem nove títulos, porque jogou sempre com equipas que dividiram o jogo"
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, fez a antevisão ao jogo em Arouca (segunda-feira, 21h15), relativo à 31.ª jornada da I Liga.
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Postura adversária perante o FC Porto: "Depende da estratégia do adversário. Devemos, de acordo com o comportamento, perceber a forma como o Arouca poderá pensar em condicionar o processo ofensivo do FC Porto. A partir daí, estarmos preparados para diferentes cenários. Agora, adivinhar o que vai acontecer, ainda não tenho esse dom. Mas vejo os comportamentos padrão em relação ao que foram os jogos que fizeram para perceber como os desmontar. Se as pessoas que aqui estão quiserem sair por uma porta, não tenho grande dificuldade. É desviar-me um bocadinho e saio. Se vocês todos se meterem à porta, eu quero passar e fica mais difícil. Uma equipa que está em bloco baixo, normalmente, que deixa menos espaços para o adversário, este tem de ter outra capacidade e outras armas. Mas isso tem que ver com aquele debate que gostaria muito de ter, porque há muito papagaio a falar disso sem saber o que diz, por vezes. O FC Porto não tem nove títulos [comigo] jogando sempre com equipas que dividiram o jogo. Não. Estes nove títulos, que são de competições internas, em 90% dos jogos assumiu. Pode não parecer, mas nestes seis anos fomos das equipas que teve mais percentagem de posse de bola. Podem ir ver. E sabe porque não parece? Porque defensivamente também somos muito fortes. Permitimos muito pouco ao adversário ter a bola. E como está tudo associado, processo defensivo e ofensivo. Agora puxando um bocadinhos os galões e tal..."
Muita posse de bola, mas mais dificuldades em fazer golos: "Vamos entrar numa conversa de futebol. Da posse de bola, da dinâmica em posse, como tentamos desmontar a organização defensiva, pode ser feita de várias formas. Jogo interior, jogo direto, jogo ligado. Depende da estrutura, do modelo tático. Depois, os jogadores. Depois, defino como podemos chegar à baliza. É trabalho nosso. No ano passado, tínhamos um jogo elogiado por todos. Sou adepto de um outro jogo. Podíamos e devíamos desmontar de uma determinada forma. Hoje, é diferente. É a tal capacidade de, dependendo dos jogadores, fazer uma coisa simples: marcar e não sofrer. O futebol é isto. Neste momento, tem-nos faltado mais incisão e agressividade no último terço. Não é grito, é duelo ofensivo, a forma como passamos o adversário, a forma como passamos ao colega. A boa agressividade tem faltado. Temos de materializar essa posse de bola. Tivemos jogos com muitas oportunidades. Criámos muito, mas pagámos, até na Champions. Faltou-nos inspiração e frescura."