FC Porto-Leverkusen foi censurado no Irão por receio de manifestações contra o governo
Governo de Teerão esperava protestos em defesa dos direitos das mulheres, como se verificou. De um lado estava Taremi, pelo FC Porto, do outro, Azmoun, pelo Leverkusen: dois dos internacionais pelo Irão com postura firme contra o sucedido a Mahsa Amini
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O Irão censurou a transmissão do encontro entre FC Porto e Bayer Leverkusen, da última terça-feira para a terceira jornada do Grupo B da Liga dos Campeões, pois já estava a prever manifestações em defesa dos direitos das mulheres, na sequência dos protestos contra o que sucedeu a Mahsa Amini, jovem de 22 anos que morreu nas mãos da polícia religiosa por não usar adequadamente o véu.
Assim, depois de condicionarem o acesso à internet, o governo de Teerão impediu a transmissão do triunfo do FC Porto sobre os alemães (2-0). E, de facto, houve manifestações nas bancadas contra o regime do Irão.
O encontro era de grande interesse para o público iraniano, dada a presença de dois ídolos como Mehdi Taremi (titular no FC Porto) e Sardar Azmoun (foi suplente no Bayer Leverkusen), dois internacionais pelo Irão que se manifestaram publicamente contra a violência contra as mulheres por motivos religiosos.
Nas bancadas houve mensagens em tarjas com a bandeira do Irão ("Mulheres. Vida. Liberdade", "SOS Irão" e "#MahsaAmini"), e ao minuto nove, em apoio à postura de Taremi que veste a camisola nove, os adeptos portistas exibiram bandeiras do Irão.
Desde o sucedido com Mahsa Amini, tem-se verificado uma onda internacional de apoio às mulheres iranianas e os distúrbios sociais no país sucedem-se. Segundo a ONG Iran Human Rights, mais de 80 pessoas já perderam a vida nos confrontos com as autoridades e milhares de manifestantes foram detidos.
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