ENTREVISTA - Perto do fim da cedência ao Ajax, Bruno Varela diz, num exclusivo a O JOGO, ter evoluído e sentir-se pronto para qualquer batalha.
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Pouco utilizado na turma de Amesterdão, o guardião recusa arrependimentos pela mudança para o Ajax. Feliz nos lanceiros, diz que até técnicos e colegas veem a sua melhoria.
Recebeu a carta a formalizar o final de contrato a 30 de junho. Já tem a decisão do Ajax sobre o seu futuro?
-Ainda não. O que sei é que o meu contrato termina a 30 de junho e até essa altura vou ser jogador do Ajax. Até então podem acionar a cláusula de opção. São coisas para ser decididas mais à frente, não agora. Depende do que o Ajax quer, mas também das pessoas do meu lado e do Benfica. Muito pode acontecer, depende das decisões a serem tomadas e de como tudo isto ficar.
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Não tem jogado muito. O Ajax foi o desafio certo?
-Os atletas querem sempre jogar. Eu não fujo à regra, quero ter minutos. Por isso, não estando a jogar, nunca é 100 por cento positivo, mas há muitas coisas boas a tirar desde que vim para cá. Estou bem aqui, como sempre disse, mas quero jogar mais.
Não se arrepende?
-Não, não. Nunca pode haver arrependimento, nem perto disso, por estar numa equipa como o Ajax. Treinar com jogadores do nível dos que estão no Ajax, com este estilo de jogo, com a aprendizagem que tive com os treinadores aqui... A cidade é top e o clube é cinco estrelas. Estar permanentemente em contacto com lendas como Van der Sar ou Overmars... Há mil e uma coisas boas aqui, tirei proveito de todos os dias que estive aqui e evoluí muito no meu jogo, sobretudo no jogo de pés, algo em que somos muito solicitados aqui. Adaptei-me bem a uma cultura diferente da portuguesa. Há muito mais aspetos positivos do que negativos. O negativo é que não tive os minutos que queria, mas obviamente sabia também que seria muito difícil.
Falou da sua evolução. Sente-se por isso melhor do que quando chegou?
-Sim, sem dúvida alguma. Pelo sentimento que tenho, mas também do feedback que tenho dos meus treinadores e colegas, que notam uma evolução muito grande desde que cheguei. É sinónimo de que me adaptei bem ao que é o Ajax e à sua filosofia. Agora, obviamente que a evolução também vem com o jogo.
Jogar é o que falta?
-Sim, exatamente. Independentemente da idade que temos, a experiência vem com os jogos, com os minutos que temos. Podemos ter 30 anos e apenas 100 jogos, ou 23 anos e ter já 300 jogos e muito mais experiência. Obviamente que a aprendizagem do dia a dia também é importante, mas a evolução maior vem com os jogos, é aí que vais errar e aprender mais. Faz falta a todos e eu não fujo à regra.
"Vlachodimos estava a ser dos jogadores mais importantes do Benfica. Melhorou muito desde que chegou. O Benfica está bem entregue a ele"
Sentindo-se melhor, vê-se como titular do Ajax ou do Benfica?
-Neste momento o Odi [Vlachodimos] tem jogado e tem estado muito bem. Fez uma época muito boa quando o Benfica foi campeão e até estava bem melhor este ano. Cresceu em muitos aspetos e estava a ser dos jogadores mais importantes do Benfica. O Onana é o Onana, é um guarda-redes que toda a gente conhece. São dois guarda-redes de muito peso, mas não me sinto inferior, preciso é de jogar e de me mostrar também. Sinto-me muito mais crescido. Se me vejo numa das balizas? Obviamente que se tiver de lutar por um dos lugares estarei lá para isso. É difícil, mas se tiver de voltar ao Benfica e lutar com o Odi fá-lo-ei com todo o prazer, como também no Ajax se ficar.
O Benfica procurou outro guarda-redes no início da época, mas acabou por ser Vlachodimos a destacar-se. Como vê essa situação?
-O Vlachodimos melhorou muito desde que chegou. Foi uma evolução notória, toda a gente conseguiu ver isso. Quanto aos treinadores quererem mais ou menos guarda-redes, não sou ninguém para opinar. São opções dos treinadores. Falando de Bruno Lage, Sérgio Conceição ou Rúben Amorim, os treinadores dos três grandes, eles é que têm o comando na mão e tomam as decisões. Nós temos é de tentar justificar estarmos onde estamos. O Odi teve uma boa prestação no ano passado e agora muito melhor, cresceu em muitos aspetos. Agora o Benfica está muito bem entregue quanto ao Vlachodimos.
Se voltar será também por isso mais difícil, face a essa evolução?
-O Vlachodimos vai ter sempre alguma vantagem por estar a jogar nestas duas épocas, mas não temo ninguém. Respeito, mas não temo ninguém. Se tudo for acordado para voltar e tiver de lutar com ele, fá-lo-ei, com todo o respeito por ele e pelo que fez e muito bem, confiando sempre no que sou e nas minhas qualidades, seja para lutar com ele ou quem quer que seja.
Com os campeonatos parados, tem recebido alguns contactos de clubes interessados?
-É muito cedo para falar sobre isso. Estamos numa situação que não sabemos o final. Será a última coisa da qual se irá falar. Não é algo sobre o qual esteja a pensar. A minha maior preocupação é que tudo isto acabe. Depois vamos ver como tudo vai correr e quando a época acabar em termos oficiais haverá mais do que tempo para falar sobre isso.