ENTREVISTA, PARTE I - Em conversa com O JOGO, o central fala da adaptação ao FC Porto, dos conselhos que recebeu de Pepe e recorda a estreia, em cima da hora, com o Liverpool.
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Aproveitando a pausa competitiva para os compromissos das seleções, Fábio Cardoso conversou com O JOGO sobre os primeiros meses no Dragão, onde demorou para somar os primeiros minutos.
O defesa recorda os momentos que antecederam a partida com o Liverpool, quando substituiu, em cima da hora, Pepe, uma das suas referências e "um dos maiores centrais portugueses de sempre", mas com quem ainda não fez parceria, curiosamente. A paixão de Sérgio Conceição pela vitória impressionou o ex-Santa Clara, que aponta a união do grupo e o facto de "não gostar de perder nem nos treinos" como segredos para a série de invencibilidade que leva e que vai procurar prolongar o máximo possível. As sete "finais" que faltam no campeonato, diz, são para ganhar.
Quando eram colegas no Rangers, Bruno Alves disse que o Fábio era um central à Porto. Porquê?
-Acho que tem a ver com a competitividade. A imagem de um central do FC Porto, pelo que ele dizia na altura e que eu vim a confirmar, é de um central que tem de impor respeito, que tem de disputar todas as bolas como se fossem a última e tem de ser muito competitivo, tem de querer ganhar sempre. E essas são características minhas.
Disse que era dos cinco melhores centrais portugueses quando assinou. Ainda se mantém nesse nível, contava estar mais acima nesta altura?... Ou, se preferir, quais são as diferenças entre o Fábio que começou a época e o atual?
-Considero que me mantive neste nível. Olhando apenas para mim, acredito que evoluí bastante, tenho aprendido muito aqui no FC Porto e sinto que sou um central mais completo do que era quando cheguei.
"Naqueles cinco minutos que tive para aquecer [com o Liverpool] não estava a pensar em nada, não ouvia nada. Parecia que estava um bocado fora do meu corpo"
Já fez 17 jogos com o Mbemba e dois com o Marcano. Porém, ainda não atuou ao lado do Pepe em jogos oficiais. É algo pelo qual anseia?
-Claro que sim. Tenho gostado muito de jogar com o Chancel e mesmo com o Marcano. Com o Pepe não será diferente. Conhecemo-nos todos muito bem, treinamos juntos. Oficialmente ainda só fiz dois minutos com o Pepe e o Chancel na primeira mão da Taça de Portugal, mas vai acontecer.
A chegada do Rúben Semedo é um obstáculo extra para o Fábio na luta pela afirmação?
-Não penso que seja um obstáculo, mas antes uma motivação extra. Conheço o Rúben, inclusive joguei com ele nas seleções jovens. É mais um para ajudar, tal como eu. Importante é trabalhar todos os dias para sermos campeões e continuarmos a ganhar jogos.
O que sentiu quando percebeu que o Pepe não podia jogar com o Liverpool e ia ter a oportunidade de se estrear?
-Não vou mentir... Foi tudo muito repentino. O Pepe sentiu a dor na parte final do aquecimento e foi quando soube. Naqueles cinco minutos que tive para aquecer não estava a pensar em nada, não ouvia nada. Parecia que estava um bocado fora do meu corpo, não estava a acreditar ainda. Quando estava no túnel perfilado para entrar em campo e olhei para o lado e vi a equipa do Liverpool, fiquei muito feliz. O Dragão estava cheio e estava finalmente a concretizar o sonho de me estrear com a camisola do FC Porto oficialmente. Pena o resultado.
Recentemente, Sérgio Conceição elogiou publicamente a sua conduta profissional. Como recebeu essas palavras do treinador?
-Com muito orgulho. É sinal de que o que estou a fazer está a ser bem feito. Saber que o míster dá valor e está atento a isso é muito bom. Fiquei muito feliz.