PREMIUM »» ENTREVISTA, PARTE I - Fernando Andrade esteve no Olival a tratar uma lesão e conta a O JOGO o ambiente nos dragões.
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O regresso de Fernando Andrade ao Olival em janeiro, para debelar uma lesão muscular na perna direita, coincidiu com a fase mais difícil da época para FC Porto. Os dragões viram escapar um objetivo (Taça da Liga) e ainda ficaram a sete pontos do primeiro lugar da Liga, ocupado pelo Benfica. Contudo, o avançado explica em O JOGO que os ex-colegas nunca deixaram de acreditar numa mudança de rumo. E o regresso ao topo da tabela antes da paragem imposta pela propagação da Covid-19 deu-lhes razão.
Surgiram notícias de que podia ter regressado ao FC Porto. É verdade?
-Acho que foi especulação, porque não existia nenhuma cláusula dessas no contrato. Ainda por cima, o Sivasspor estava em primeiro, com cinco pontos de vantagem. Mesmo que o FC Porto quisesse, o clube teria que me libertar. E como a equipa nunca ficou nos primeiros lugares da classificação, as chances de isso acontecer eram mínimas. Tudo tem o seu tempo. Ainda tenho três anos de contrato com o FC Porto e tudo pode acontecer. O mais importante é olhar para o meu trabalho e não ligar a especulações, porque, quando se olha para o trabalho, surgem os resultados.
Mas esteve a recuperar de uma lesão no clube. A que se deveu a escolha?
-Quando sofri essa pequena lesão, o médico do Sivasspor disse-me que só precisava de dez dias para recuperar. Esperei esse tempo, mas, quando voltei, ainda sentia dores. Pediram-me mais dois meses. Foi então que decidi ligar ao Dr. Nélson Puga e pedir autorização ao Sérgio Conceição para recuperar no FC Porto. Foi bom, porque permitiu-me recuperar rapidamente. O que supostamente seria preciso dois meses para tratar, o FC Porto resolveu em 18 dias.
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Esse período coincidiu com uma fase complicada para o FC Porto...
-É verdade. Lembro-me que cheguei no mesmo dia em que o FC Porto perdeu com o Braga, no Dragão, e estive lá nesse jogo. Foi uma fase mesmo difícil. Graças a Deus, depois que voltei à Turquia a classificação virou. [risos]
Notou alguma perturbação nos ex-colegas? Como lidaram com essa fase?
-Deu para perceber que a rapaziada estava toda motivada. Só não gostavam dos comentários negativos, porque se dizia que estavam com sete pontos de atraso, que a Liga estava perdida e na verdade não era assim. Quando se olhava para a frente, percebia-se que ainda existiam muitos jogos e que esses sete pontos podiam ser recuperados. Quem está de fora pode não valorizar, mas os jogadores olham muito para isso. Antes estavam sete pontos atrás, mas hoje, com muito trabalho, estão um à frente. Tudo muda e estão de parabéns.
Esses comentários deram mais força à equipa?
-Não sei se deram mais força. Agora, era chato irem para os treinos todos os dias a ouvir que o campeonato estava perdido. Não gostavam, claro. Os jogadores são seres humanos e ouvir isso não é agradável. Mas todos foram espetaculares. Ficaram sempre na deles, trabalharam e conseguiram reverter a classificação. Se calhar, quem criticava a equipa na altura agora está calado. Era desagradável, mas todos os jogadores tinham consciência de que ainda havia muito campeonato pelo frente.
Depois voltou à Turquia e a Liga parou devido ao vírus. Que tipo de trabalho faz?
-Habitualmente treino uma hora, em casa, porque tenho amigos preparadores que me passam uns exercícios para não perder tanto. Não é a mesma coisa que treinar no campo, mas mentalmente tranquiliza.
"Na Turquia deve voltar a 17/04"
Fernando Andrade tem aproveitado o tempo em casa para "estar mais tempo com a família", saindo apenas para "dar uma volta com a cadela pelo quarteirão", mas já foi informado que a possibilidade de o campeonato turco regressar em breve está em cima da mesa. "O clube tem um tradutor que está sempre a atualizar-me em relação ao número de infetados na Turquia. No espaço de uma semana passou de cinco para 1300. Isso mostra bem a velocidade com que o vírus se transmite e a gravidade desta pandemia. Mesmo assim, o regresso do campeonato está marcado para o dia 17 de abril. Como o chinês deve voltar em breve, acho que vão forçar para que o campeonato por cá também volte", estima.