Falta de experiência do plantel, ausência de reforços de peso, lesões e arbitragens são apontados como causas para o fracasso da equipa. Varandas, Amorim e jogadores não são castigados.
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Caso vença o Vizela na sexta-feira, o Sporting fecha a temporada com a segunda volta mais proveitosa da era Rúben Amorim, somando 42 pontos nesta fase.
Mais dois do que, por exemplo, em 2020/21 quando o emblema leonino confirmou a sua superioridade sobre os rivais, ganhando o título de campeão nacional.
No entanto, pontos não representam títulos e os leões ficaram a... zeros. Em jeito de balanço da temporada, O JOGO ouviu seis sportinguistas sobre as razões para o fracasso e quem são os principais responsáveis pelo sucedido numa época em que nem conseguiram atingir a Liga dos Campeões, sugerindo-lhes, ao mesmo tempo, que atribuíssem notas, de zero a dez, para o comportamento dos leões.
Todos aceitaram o desafio, apontando equívocos e virtudes da temporada, sem "castigar" em exclusivo Frederico Varandas, Rúben Amorim ou os jogadores. Talvez por isso, a média aos olhos dos adeptos seja um suficiente menos - média de 5,6. "Estão todos no mesmo barco e não podemos responsabilizar apenas um departamento ou um sector. Parte tudo de uma organização. As pessoas têm todas responsabilidades. Julgo que o Rúben Amorim tem realçado isso nas conferências de imprensa. Houve falhas, mas também coisas bem feitas, não nos podemos esquecer dos jogos europeus... por exemplo. Agora, já sabemos que naquela casa é preciso ganhar títulos, o que não aconteceu este ano. De qualquer forma, não me parece que tenha sido tudo mau", esclareceu Quim Berto, que esteve de 1997 a 2000 no Sporting, sem mais argumentos para ir além da nota 5. Delfim subiu ligeiramente a parada (nota seis) "sobretudo por alguns bons jogos que os leões fizeram nas competições europeias" e isso "não pode ser desvalorizado". "Todos têm obviamente responsabilidades no sucesso ou insucesso de uma temporada. Na verdade, o Sporting não conseguiu colmatar as perdas de alguns jogadores importantes e isso fez com que não conseguisse ombrear com os rivais. Nessa altura, pareceu-me ter havido alguma falta de sintonia entre a direção e o treinador, que fez com que a equipa perdesse o foco. Diria que a responsabilidade é partilhada", explicou o antigo médio, que vestiu a camisola leonina de 1998 a 2001.
Mais suavizadas são as opiniões de Ademar e Carlos Xavier. O primeiro, antigo médio que esteve mais de uma década no clube (formado no Sporting), fala em falta de experiência da equipa e não tanto de "falhas ou equívocos de Amorim". "O problema do Sporting foi não ter conseguido manter alguma consistência, como se viu agora na partida contra o Benfica em que fez uma primeira parte maravilhosa e uma segunda em que nem sequer conseguiu defender, que era o mais fácil. O Sporting tem jogadores jovens, sem traquejo e precisava de ter alguns elementos com outras características. Saíram jogadores importantes e não houve o necessário reequilíbrio do plantel", comentou, desresponsabilizando os intervenientes. "A realidade do Sporting é a aposta nos jovens. Portanto, não podemos dizer que o Varandas ou o Amorim são os culpados. Eles fazem o que podem e com as armas que têm e fazem bem. Gosto da aposta que fazem nos jovens. Por isso, dou nota sete", atirou, abrindo caminho ao sempre efusivo Carlos Xavier, que aponta fatores externos para o fracasso dos leões. "As lesões, a má entrada na época, os erros de arbitragem foram fatores determinantes para o desfecho do Sporting. Não foi o presidente, não foi o treinador, não foram os jogadores... Todos deram o máximo para que a época corresse bem. Estou convencido de que se houvesse outro critério nas arbitragens, o Sporting estaria na luta pelo título. Penso também que algumas saídas não foram colmatadas devidamente", reagiu.
Mais crítico, José Eduardo, antigo lateral direito dos leões (de 1979 a 1983), atribui mesmo a nota mais fraca (quatro) e justifica: "Não pode ser atribuído o mesmo grau de responsabilidade a todos. Em termos operacionais quem é o presidente? O Rúben Amorim. Quem é o diretor desportivo? Rúben Amorim. Quem é o diretor de comunicação? O Rúben Amorim. Quem é o diretor financeiro? Salgado Zenha. Trata-se de um modelo que existe em Inglaterra, um pouco como fazia Ferguson no Manchester United, quando chamava a si todas as responsabilidades", começou por explicar, acrescentando: "Três quartos da responsabilidade é do treinador do Sporting. Agora, é justo carregar Amorim com toda a responsabilidade do que aconteceu esta época? Sim e não. Há diretrizes financeiras que implicam algumas restrições e esse peso não pode ser atribuído ao treinador. O modelo de manager esbarra na vertente financeira e isso tem de ser assumido pela administração da SAD do Sporting, que não se pode esconder".
AVALIAÇÃO
DELFIM - 6
Antigo médio
"Não conseguiram colmatar a saída de jogadores-chave. O Sporting perdeu capacidade para ombrear com os rivais."
LUÍS FILIPE - 5
Antigo lateral/extremo
"Rúben Amorim já disse que falharam coisas na preparação da época. Sabe o que fizeram de errado. Quando não se tem resultados a responsabilidade é de todos."
CARLOS XAVIER
Antigo médio - 7
"Não foi o presidente, não foi o treinador, não foram os jogadores... Estou convencido de que se houvesse outro critério nas arbitragens, o Sporting estaria na luta pelo título."
JOSÉ EDUARDO - 4
Antigo lateral
"Em termos operacionais quem é o presidente? Rúben Amorim. Quem é o diretor desportivo? Rúben Amorim. Quem é o diretor de comunicação? Rúben Amorim. Quem é o diretor financeiro? Salgado Zenha."
ADEMAR - 7
Antigo médio
"Saíram jogadores importantes e não houve o necessário reequilíbrio do plantel. O Sporting tem jogadores jovens, sem traquejo e precisava de ter alguns elementos com outras características."
QUIM BERTO - 6
Antigo lateral
"Houve falhas, mas também coisas bem feitas, não nos podemos esquecer dos jogos europeus... Agora, já sabemos que naquela casa é preciso ganhar títulos, o que não aconteceu."