Ex-capitão do Sporting aconselha Gonçalo Inácio: "É preciso estupidez natural"

Gonçalo Inácio tem pouco tempo de vida a mais que Carlos Xavier tinha quando a 21 de dezembro de 1980 se estreou na equipa principal dos leões, curiosamente como defesa-central, ele que destacou-se como médio que nunca fugiu a outros espaços de intervenção - "até guarda-redes fui a jogar andebol e no futebol cheguei a jogar como avançado num jogo de juniores".

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A referência leonina, antigo capitão do clube, foi desafiado por O JOGO para, pouco mais de 40 anos depois, deixar conselhos de quem sabe e por lá também já passou a Gonçalo Inácio - que é nos dias que correm a alternativa imediata ao trio de centrais titulares, Coates, Neto e Feddal, os quais, como se sabe estão à beira da suspensão por cartões amarelos na Liga - e a outros Inácios que o Sporting venha a ter em breve. Um discurso de pé de orelha que, se pudesse, teria se o tivesse por perto, depois de ter visto o jovem central contra o Belenenses. "É fundamental que acredite nas suas capacidades! Tem jogadores experientes ao seu lado, como o Coates e Neto, tal como eu tive o Eurico, Barão ou Inácio, de quem pode ouvir conselhos e evoluir todos os dias. Claro que lá atrás não pode falhar, mas é preciso esconder esse nervosismo que pode surgir com uma estupidez natural! Isto no sentido de entrar descontraído no jogo, mas concentrado. Não podemos estar no jogo moles", disse.

Citação citacao Carlos Xavier, antigo capitão, estreou-se aos 18 anos à leão e deixou conselhos a Gonçalo Inácio

Para Carlos Xavier o próprio discurso do treinador também ajuda a quem se pretende afirmar na equipa principal, pois, entende, "tira pressão aos jogadores". "O Sporting tem um grande treinador, obriga os jogadores a trabalhar ao máximo. Quem é lançado tem de agarrar as oportunidades, como tive de o fazer no meu tempo, em que também se apostava na juventude. Gonçalo Inácio, como a equipa, tem um valor tremendo. No meu tempo era mais difícil chegar à primeira equipa, pois hoje há Sub-23 e equipa B", recordou, atirando: "Há sempre o risco de deslumbramento, de facto, mas não vejo isso na equipa do Sporting. Noto que está bem orientada e os jogadores estão concentrados. O discurso do treinador liberta os jogadores, todos sabem que podem ser chamados."

Aposta na formação é para continuar

O Sporting voltou a insistir na aposta em jogadores formados na Academia, requalificou os seus quadros, deu-lhe maior cariz organizativo e tem vindo a segurar os ativos com renovações sucessivas. Tudo isto, sublinha Carlos Xavier, tem de manter-se nos próximos tempos, isto se o clube quer chegar ao sucesso. "O Sporting tem estado muito bem, com uma equipa com alguns jogadores experientes. Todos sabem e conseguem trabalhar em prol do coletivo. Está a ser feita uma aposta no ouro que temos, juntando-lhe outros atletas com mais anos de futebol. É preciso manter esta lógica, é uma aposta de louvar para que possamos preparar uma equipa para o futuro", destacou, aludindo a nomes como Nuno Mendes, Gonçalo Inácio ou Tiago Tomás.

Citação citacao "A questão do título é para mais tarde. Se o Sporting andar lá em cima até 1/3 do fim do campeonato, então aí vermos como vai ser"

Luta pelo título só a 1/3 do final da Liga

A liderar a Liga, como há muito não se via na passagem de ano - desde 2001/02, época em que os leões sagraram-se pela última vez campeões nacionais -, o Sporting não deve alinhar pelo discurso de quem luta pelo título, como defende Carlos Xavier, vencedor ao serviço do clube de um Campeonato Nacional, duas Taças de Portugal e três Supertaças. "O treinador pensa apenas jogo a jogo, está a cimentar a equipa e preocupado em melhorar. A questão do título é para mais tarde. Se o Sporting andar lá em cima até 1/3 do fim do campeonato, então aí vermos como vai ser", atirou com expectativa, reconhecendo o perigo imediato: "Só podemos ir jogo a jogo. Na próxima jornada vamos ter um jogo muito complicado com o Braga. Será um teste muito difícil para a equipa. Vamos aguardar."