Evanilson ia de bicicleta para o treino e tem a mãe no coração: "Queria desistir..."
Declarações de Evanilson, avançado brasileiro do FC Porto, numa entrevista concedida à SportTV
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Ascensão na carreira: “Desde o começo, vim ralando muito, passando por muitos obstáculos, mas, graças a Deus, deu tudo certo e cheguei a uma grande equipa, que é o FC Porto”.
Gosto pelo desenho: “Sim, sim. Quando era pequeno e ia para a escola, gostava muito de aulas de desenho. Inclusive, hoje em dia, até desenho nas horas vagas. Às vezes, quando estou em casa e a minha filha chama-me para brincar, eu gosto de desenhar”.
Início do gosto pelo futebol: “Desde pequeno que gostava de desenhar, mas na rua ou na escola também jogava à bola com os meus amigos. E era um vício meu e do meu irmão também, que gostava muito de jogar bola na rua. O meu pai foi treinador do Fortaleza e, com sete anos, comecei tudo com ele”.
Memórias da primeira experiência: “Hoje ainda em dia ainda tenho fotos. Ele era o treinador das escolinhas no Fortaleza. No começo, com sete anos, era muito criança. Levava uma porrada, olhava para ele e dava vontade de chorar. Mas, aí, ele dizia: 'Não, futebol é isso. É normal. Vais levar porrada'. Ele colocava-me a jogar com outras crianças mais velhas para que pudesse evoluir rápido. Mas o início de tudo foi com ele”.
História da ida para o treino de bicicleta: “Quando jogava no Estação. Essa história foi no Estação. A minha família não tinha muitas condições financeiras. Era o meu pai que me levava para o treino. Quando era criança, 10, 11 anos, já queria sempre jogar à bola e ficava muito ansioso. Ligava para ele e perguntava: 'Pai, onde está? Já está na hora do treino. Vou chegar atrasado'. Aí, ele disse: 'Estou a chegar, estou chegar'. Mas nada. Então, quando ele chegou em casa, ele disse: 'É o seguinte, não tenho dinheiro para irmos de autocarro para o treino do Estação'. Ele viu que fiquei com a cara de triste, de choro, e foi à rua. Viu uma bicicleta de um senhor que morava lá no nosso bairro, pegou nela e disse: 'Não tenho dinheiro, mas se quiseres, vamos de bicicleta'. Ele levou-me a pedalar. Acho que ficou uns 30 ou 40 minutos a pedalar comigo atrás. E foi assim que fomos para o treino do Estação. Ele conta essa história conta para muita gente”.
Peso de ter sucesso para ajudar a família: “Sim, sim. Foi muito por isso que eu quis ainda mais tornar-me jogador para mudar a minha vida financeiramente e a da minha família. Queria que a minha mãe estivesse aqui também. Perdi-a quando era sub-17 do Fluminense e tudo o que queria era que ela estivesse aqui para ver toda esta conquista que tive. Mas tenho certeza que ela está orgulhosa disto tudo que venho conquistando. O meu pai também. E é muito por isso mesmo."
Momento difícil da morte da mãe: “Tive muita gente que me ajudou muito. O meu empresário, a família da minha esposa também. Em todas as entrevistas que dei disse que queria desistir naquele momento em que a perdi. Era muito apegado. Até me emociono, porque não gosto muito de falar isso. Fui para lá para ter com a minha família, nunca mais queria voltar para o Rio de Janeiro e tive muita força dos meus amigos e dos familiares para que pudesse retornar ao futebol”.
Sonho da mãe de que fosse jogador: “Sim, sim. Sem dúvida. Falava com ela todos os dias por chamada de vídeo e era o sonho dela que eu me tornasse um jogador profissional. E era o meu sonho que ela pudesse assistir. Mas ela não viu. Espero que ela tenha orgulho de mim.”