Fernando Santos colocou-lhe alcunha de "chinês", mas Chainho não gostou e tratou de o rebatizar. Foi o médio a sair de campo para Deco se estrear.
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Quando Deco trocou o Salgueiros pelo FC Porto, Chainho recebeu o antigo médio da equipa de Paranhos de braços abertos, criando laços de amizade que se mantêm.
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"Dava-me muito bem com o Deco. Quando ele chegou ao FC Porto, levei-o a alguns restaurantes e estávamos muitas vezes juntos. Além disso, foi meu companheiro de quarto nos estágios e falávamos muito", recorda o antigo médio. A confiança com Deco era tal que Chainho tratou de "batizá-lo":
"Meti-lhe a alcunha de Nakata por causa do aspeto asiático dele. O homem, o Fernando Santos, chamava-lhe o chinês. Eu questionava: chinês? Ele era mais parecido com o Nakata e assim ficou", revela, soltando uma gargalhada do outro lado do telefone. Nakata era um internacional japonês que jogava no Perugia e que, mais tarde, representou a Roma, Parma, Bolonha, Fiorentina e Bolton. "O Nakata era um jogador que eu apreciava, mas o Deco, pelo amor de Deus, era superior".
Chainho admirava o talento do companheiro, mas também a sua postura: "Era um jogador tranquilo e notava-se que estava preparado. Ele tinha muita confiança nele próprio, era muito adulto para a idade que tinha. Veio para o futebol português e para o FC Porto muito jovem, mas já se notava que era que era diferente. Via-se logo a qualidade que tinha".
Quando cumprimentou Deco enquanto era substituído, o antigo médio só lhe desejou boa sorte. "Não era preciso dizer-lhe nada. Com aquela qualidade, não lhe podia ensinar nada"
A amizade tinha crescido e deu-se a coincidência de Deco ter entrado para o lugar de Chainho a 10 de abril de 1999. "Lembro-me bem, ganhámos 1-0 com um golo do Zahovic. Foi dos poucos jogos que fizemos à tarde e estava um calor imenso. Recordo-me que tive oportunidade de marcar um golo dentro da área para fazer o 1-0", recorda, acrescentando mais alguns pormenores: "Ele entrou bem e, no jogo seguinte, fiz dupla com ele no meio-campo".
Chainho reconhece que a alteração de Fernando Santos fez todo sentido. "Este jogo foi importantíssimo a caminho do penta, porque o Braga tinha boa equipa. Como tínhamos de ganhar e o Deco era mais ofensivo, entrou para o meu lugar. Além disso, funcionou como fator surpresa, porque o Deco tinha vindo do Salgueiros e confundiu um bocado a equipa do Braga", destacou. "Quando ele entrou não lhe disse nada, nem era preciso. Com a qualidade que tinha, eu não podia ensinar-lhe nada. Limitei-me a desejar-lhe boa sorte", revelou.