"Estou a funcionar como uma espécie de linha 'Saúde 24 FC Porto', não descanso"

Nélson Puga, responsável clínico do FC Porto
Ivan Del Val / Global Imagens
Nélson Puga criou uma de linha de "Saúde 24 FC Porto" para prestar apoio a mais de 600 funcionários do clube e suas famílias. Há elementos de quarentena voluntária e involuntária.
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O FC Porto tem um caso positivo de Covid-19, uma professora de natação, que não tem qualquer contacto com o Estádio do Dragão, nem com as equipas de futebol e das outras modalidades amadoras.
"Na equipa principal, saff e administração, não. Há pessoas de quarentena por contactos diretos outras de quarentena voluntária por contacto indiretos. Mas na natação temos uma treinadora - e a sua família - que está infetada. Para já é este o único caso", contou a OJOGO Nélson Puga, responsável clínico do FC Porto e, por estes dias, uma espécie de SOS da família azul e branca. "O nosso universo é muito grande e eu estou a funcionar como uma espécie de linha "Saúde 24 FC Porto" porque são mais de 600 pessoas [futebol e modalidades], mais os seus familiares, e as dúvidas são grandes", atirou. Por isso, não pára um segundo.
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"Pensei que ia ter algum sossego, mas não tenho descanso por estes dias. Procurei criar condições para aliviar as necessidades que as pessoas têm e não sobrecarregar a linha de Saúde 24, fazendo chegar medicação sempre que é necessário através de fisioterapeutas e enfermeiros, e com consultas por telefone", explicou.
À margem dessa linha de apoio direto ao FC Porto, outros clínicos do clube têm estado há vários dias a trabalhar no sistema nacional de saúde, dando apoio no combate à pandemia do Covid-19. São os casos de Carlos Magalhães (equipa B), Diogo Dias (formação), Rui Martins Silva (basquetebol), António Barbosa (andebol) e António Sousa (hóquei) todos a dar apoio ao SNS em vários hospitais.
"Na equipa principal, staff e administração não há casos positivos. Há pessoas de quarentena por contactos diretos outras de quarentena voluntária por contactos indiretos"
O clube disponibilizou o seu pavilhão e "está sempre disponível para ajudar" a sociedade, garantiu o clínico. "A primeira ajuda que demos foi o exemplo de cidadania dos jogadores. Fomos dos primeiros a adotar medidas restritivas na etiqueta respiratória e higienização das mãos e dos espaços, adotamos ainda antes dos primeiros casos positivos em Portugal. Divulgámos essa informação e procurámos sensibilizar, com palestras, toda a equipa e staff para que fossemos rigorosos. E eles foram aderindo", lembrou.
O processo que levou à suspensão dos campeonatos também passou por si. "As equipas médicas foram convidadas a participar na reunião da comissão permanente da Liga e eu fui o primeiro a falar, mostrando-me logo a favor de tomar medidas radicais e musculadas para suspender as competições, o apoio foi unânime por parte das outras equipas médicas. Quando a Liga suspendeu demos o exemplo de parar os treinos, fazer o isolamento social, mostrámos à população o que estamos a passar e tomámos medidas para fornecer elementos necessários para os treinos. Fornecemos material e todos estão a treinar em suas casa, sem bola, mas não há treinos táticos nem técnicos. Creio que tem sido possível servirmos de exemplo social e educativo", finalizou.
