Uma análise de Nuno Vieira
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A procissão do campeonato ainda vai no adro e os indicadores de competitividade são, por agora, muito positivos, apesar de todos sabermos que as 34 jornadas não vão dar margem para grande surpresas na classificação, com os grandes, a quem se junta o Braga, a cavarem, mais cedo ou mais tarde, um fosso para os restantes participantes na prova maior do futebol nacional. Mas, enquanto as clivagens não se acentuam, o que se explica com a total discrepância de orçamentos e capacidade de investimento, os apologistas do equilíbrio de forças vão gozando do facto de, por exemplo, verem o Boavista no topo da classificação, embora em igualdade pontual com Sporting e FC Porto e também o Vitória de Guimarães, que com tanta turbulência pelo meio chega aos seis pontos em seis possíveis.
Nas duas primeiras jornadas, apenas um jogo, o que fechou a ronda 2, terminou em branco. Todas as equipas já sofreram golos.
Sobre o Boavista, um dado muito significativo e que não deve ser ignorado: as duas vitórias resultam de um triunfo surpreendente sobre o Benfica e, neste fim de semana, de nova vitória no terreno do Portimonense. A pantera soma sete golos marcados e possui o melhor ataque, ainda que, por paradoxal que pareça, tenha perdido o seu máximo goleador da última época (Yusupha) e também outros elementos de grandes preponderância na equipa, casos de Mangas, Kenji Gorré, Cannon e o seu capitão Bracali. Perguntem a Petit como se cozinham omeletas sem ovos.
Ainda na frente, sinais vitais periclitantes de Sporting e FC Porto. Os leões passaram por nove centímetros na casa emprestada do Casa Pia e os dragões precisaram de muito tempo suplementar para vergar o Farense. Ambos seguem com seis pontos, ainda assim claramente à frente de um Benfica que também arrancou a ferros a vitória em plena Luz diante do Estrela da Amadora, que só caiu com a arte que Neres tem em fabricar golos.
Por falar neles, o fruto mais apetecido de um jogo de futebol, a segunda jornada não foi tão profícua como a primeira em matéria de finalização. Ainda assim, os 28 que foram apontados indicam a tendência positiva da ronda inaugural, em que foram contabilizados 34 tiros certeiros. Nota-se uma certa apetência para o golo neste campeonato e as estatísticas não o desmentem: os edifícios constroem-se pela base (leia-se solidez defensiva) mas todas as equipas já sofreram nesta liga, enquanto no que toca a pontaria apenas o Estrela da Amadora esteja, por ora, à procura de melhores dias. Até ao momento, apenas um jogo terminou com 0-0, precisamente o que fechou as contas da segunda jornada. Um nulo que não contraria a ideia de que este ano está mais fácil encontrar o caminho para a baliza.