Líder do clube centenário anunciou que a "a SAD está mais do que morta" depois dos investidores terem tido conhecimento que "as obras do Estádio Municipal estão paradas".
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O Espinho vai avançar com uma queixa-crime, no Ministério Público, contra Nuno Cardoso, chefe do Gabinete de Apoio à Presidência (GAP) da Câmara Municipal de Espinho. A decisão foi tomada esta quinta-feira à noite, na sessão liderada pelo presidente Bernardo Gomes de Almeida e que contou com a presença de cerca de 500 sócios que encheram o auditório da Junta de Freguesia de Espinho.
O motivo da decisão está relacionada com o facto de, conforme expressou o presidente do clube, Bernardo Gomes de Almeida, "duas horas depois de ter estado presente numa reunião da Câmara com a presidente onde esta garantira o andamento da obra", o chefe do Gabinete de Apoio à Presidência, Nuno Cardoso, apresentou "um cenário catastrófico". "Disse-nos que as obras do estádio estavam paradas e que a Câmara indemnizava o empreiteiro, entregava-nos o estádio no estado atual, comprometendo-se o clube a finalizar a sua construção".
De acordo com o presidente do Espinho, que considera "muito estranho tudo o que aconteceu", o chefe do GAP terá dito que "se não houvesse dinheiro, poderia participar na sociedade desportiva que o Sporting de Espinho pretendia constituir um empresário da construção civil e obras públicas, com fortes interesses em Espinho". "Trata-se do dono da empresa [ABB] que está a construir o estádio", revelou o líder do clube centenário que milita, atualmente, nos distritais da AF Aveiro. "Isto é gravíssimo", atirou, considerando que o comunicado da Câmara Municipal de Espinho "é um ataque ao Sporting Clube de Espinho e quase uma declaração de guerra", mostrando-se, no entanto, "sempre aberto ao diálogo" com a autarquia liderada por Maria Manuel Cruz.
Os sócios solicitaram também o envio de um ofício à Câmara Municipal com a sua posição relativamente a este caso e que emitisse um comunicado. O presidente do Espinho garantiu que daria seguimento a estas sugestões e apelou ao "civismo", atendendo a que alguns dos sócios presentes sugeriram manifestações, "junto à Câmara", no sentido de demonstrarem a força do clube.
"SAD mais do que morta"
Com a paragem das obras do Estádio Municipal, "caiu" a criação de uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD), adiantando Bernardo Gomes de Almeida que os investidores "foram procurar outro parceiro", não por "uma decisão que tenha partido dos sócios do Espinho, mas sim da Câmara Municipal".
"A SAD está mais do que morta", lamentou o presidente do clube que participou 11 vezes na I Liga de futebol, a última das quais em 1996/97, e que no voleibol, por exemplo, é a equipa com mais campeonatos conquistados (18).
"Com a quebra do acordo para termos uma SAD perdemos a possibilidade de ter dois campos de treino relvados, um dos quais com uma bancada, dois ginásios, um para utilização das modalidades do clube, um posto médio de última geração, obras no Centro de Formação do Sporting de Espinho e também um valor inicial e um valor percentual das transferências de jogadores que seria destinado à construção do futuro pavilhão do clube", adiantou Bernardo Gomes de Almeida.
"Estádio não é uma miragem"
"O estádio não pode ser uma miragem", afirmou Bernardo Gomes de Almeida, a O JOGO, no final da sessão de esclarecimento. "Como disse, na altura, o Sporting de Espinho não sobreviveria mais de dois anos a jogar fora de casa. Estamos na quinta época fora de casa. O Estádio Municipal foi uma promessa de vários executivos e o atual não tem legitimidade para parar a obra e para encontrar problemas onde não existem", avisou.
"Depois de todas estas tentativas de negociatas que nos puseram em cima de mesa, há que se apurar o que aconteceu", defendeu.