Guarda-redes trabalhou sob as ordens do treinador que os encarnados sondaram como hipótese para suceder a Bruno Lage e a OJOGO, Beto traça o perfil do espanhol
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A intensidade no treino e no jogo, o grau elevado de exigência e de meticulosidade no dia a dia são aspetos que distinguem o perfil de Unai Emery, técnico que o Benfica tenta garantir.
"Emery dá, mas depois também pede. É um treinador que trabalha muito na questão tática e na análise do adversário"
No Sevilha, o espanhol ganhou a Liga Europa por três vezes, a primeira precisamente contra as águias, de Jorge Jesus; depois, pelo PSG, meteu no bolso um campeonato, duas taças, duas Taças da Liga e duas Supertaças, tudo num par de épocas. Beto, guarda-redes que trabalhou com Emery no Sevilha, vê nele o técnico ideal para levantar o Benfica.
"O Unai Emery é um treinador muito exigente com os jogadores mas, ao mesmo tempo, é comunicativo e compreensivo. Dá, mas depois também pede. É um treinador que trabalha muito na questão tática e na análise do adversário, é muito minucioso e detalhista. Além disso, vive muito o futebol, vibra no banco e pode trazer, se realmente for para o Benfica, uma mais-valia", perspetiva a O JOGO o internacional português, hoje a jogar no Goztepe da Turquia.
"A supermotivação que transmite aos jogadores é aquilo que os jogadores do Benfica mais necessitam. É um treinador que joga para ganhar"
Entre os aspetos onde Emery é mais exigente é na entrega individual pois quer, acima de tudo, suor. "Unai Emery quer muita intensidade de jogo, seja no processo defensivo, seja no processo ofensivo. O Benfica é uma equipa grande, que joga para ganhar títulos e o Unai é um treinador talhado para esse tipo de equipas. Pelo seu perfil, seria o ideal para reanimar este Benfica, até porque a supermotivação que transmite aos jogadores é aquilo que os jogadores mais necessitam", aponta Beto.
Habituado a vencer, o técnico espanhol que o Benfica tem debaixo de olho é pragmático na forma de abordar o jogo. "Sou apologista do futebol objetivo e é isso mesmo que o Unai faz. Ele joga para ganhar e há várias formas de o fazer. Ele procura a melhor maneira de o fazer adaptando-se da melhor maneira aos jogadores que tem ao dispor", diz Beto, acrescentando que na final da Liga Europa, ganha ao Benfica em 2014, foi só seguir o "guião" elaborado.
"Recordo que nos pediu intensidade de jogo, muita capacidade de ganhar os duelos, de conquistar muito território, cada metro para, pouco a pouco, nos irmos fortalecendo. Preparámos aquele jogo e não existia mais nada", refere.
Adepto de presença na área com avançados batalhadores
Para Beto, com Emery não há ideias e sistemas estanques. "Unai foi sempre muito adaptativo com os jogadores que tinha e em relação a cada jogo. O jogo é que pede aquilo que o Unai lhe vai dar, ele sabe que no jogo x vai precisar de um certo tipo de jogador e de um sistema tático para o vencer. Claro que ele tem o seu sistema, mas é maleável", explica o internacional luso, referindo que Emery tem grande preferência por ter peso efetivo na zona defensiva contrária. Ou seja, fica implícito o gosto por dois pontas de lança: "Ele aprecia jogadores que, na frente, batalhem muito, que tenham profundidade, verticalidade e objetividade, assim como presença na área. Por vezes, gosta de transformar um pouco os jogadores, não os remetendo a uma função mas sim expandindo a outras funcionalidades do jogador, da equipa e do sistema tático."