Artur, antigo avançado do FC Porto, recorda as conversas que tinha com os ex-treinadores quando chegava a hora de mudar entre o 4x3x3 ou o 4x4x2 e até explica como os avançados treinam
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Utilizado como referência do ataque na Liga dos Campeões, Marega tem habitualmente a companhia de Soares no campeonato. Tal deve voltar a acontecer amanhã, nos Açores. Artur, avançado que jogava em várias posições, conta como se preparava para cada mudança tática. Aconteceu-lhe o mesmo em 1996/97, época em que os dragões somaram os mesmos 16 pontos na Champions. "No início da semana, o António Oliveira conversava comigo e explicava o que tinha de fazer. Quando jogava como referência do ataque, era uma semana a treinar de costas para a baliza. Fazíamos muitos exercícios, porque jogadores como eu tínhamos mais dificuldade nesse aspeto. Na semana seguinte, quando jogava solto no ataque, voltava a treinar durante a semana para melhorar o entendimento com quem jogava ao meu lado. Treinava a olhar de frente", recorda, convicto que o mesmo acontece com Marega.
"Para o Marega é fácil mudar o chip. Quando um jogador quer jogar é tudo muito mais fácil e ele quer ajudar a equipa"
O internacional maliano dá-se bem a jogar em 4x3x3 ou em 4x4x2 e a prova disso são os golos e as boas exibições que tem realizado em qualquer dos modelos. Na Champions até foi o melhor marcador do FC Porto na fase de grupos, com cinco remates certeiros, superando o registo de Jardel em 1996/97. Curiosamente, nessa altura, SuperMário até era suplente na UEFA, ficando o ataque entregue a Artur, aproveitando António Oliveira para explorar a velocidade do brasileiro. "Marega é muito mais forte do que eu, mas com ou sem bola eu era mais rápido do que ele. Talvez porque eu era mais levezinho. Pesava 67/68 quilos. Era muito magrinho. Na força não ganhava ao Marega, mas na velocidade sim", comparou o brasileiro com sentido de humor.
Artur preferia jogar solto no ataque, mas sentia-se à vontade como referência. Fala, portanto, por experiência própria quando garante que a mudança de sistema não afeta o rendimento do internacional maliano. "Para o Marega é fácil mudar o chip. Quando um jogador quer jogar, é tudo mais fácil e ele quer ajudar a equipa. É um jogador que causa muitas dores de cabeça ao sector defensivo contrário, porque não desiste de nenhuma bola. Acredita em todos os lances, tem faro de golo e isso ajuda na mudança de chip", elogia Artur.
A situação tem-se repetido ao longo da época, até porque na Liga dos Campeões o FC Porto não contou com Aboubakar (lesionado) e Soares (não foi inscrito na UEFA). Por isso mesmo, o brasileiro acredita que Marega já interiorizou o que tem de fazer em campo. "Quando um jogador começa a habituar-se a jogar nas duas posições, automaticamente já sabe o que tem de fazer. O Marega está a ser muito útil nas duas maneiras de jogar. Isso é bom para a equipa e para ele", lembra o brasileiro.
Embora tivesse um rendimento muito superior a jogar solto no ataque, Artur não dá isso como um facto garantido e não exclui a possibilidade de Marega até ser mais útil como jogador mais adiantado. Pelo menos em algumas ocasiões: "Jogar em 4x4x2 ou em 4x3x3 depende de cada jogador, mas também do adversário, daquilo que ele vai propor ao jogo. Mas é melhor ter alguém com quem dividir a responsabilidade no ataque. Gostava muito de ter outro companheiro para chamar a atenção dos defesas e eu ganhar liberdade."