Domingos Paciência e Augusto Inácio defendem que o desfecho do primeiro clássico da época não tem repercussões a longo prazo nas equipas.
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À terceira jornada, abre-se o palco para o clássico inaugural da Liga Bwin 2022/23. Sábado (20h30), no Estádio do Dragão, FC Porto e Sporting vão medir forças num embate que se prevê quentinho, mas que deverá "apenas" impactar os níveis de motivação dos rivais. Uma visão que une Domingos Paciência e Augusto Inácio, que defendem que o desfecho dos primeiros clássicos da época não tem repercussões a longo prazo no desempenho das equipas envolvidas.
"Injeção de motivação" é a principal vantagem de conquistar os três pontos num clássico em fase tão prematura, defende Domingos. Inácio olha para a tabela e deixa um alerta ao Sporting.
"Um clássico é sempre um clássico, mas, depois deste, ainda há 31 jornadas. Bater o rival é uma injeção motivacional e dá confiança acima da média para o jogo seguinte. Por outro lado, uma derrota nesta fase não terá repercussões significativas, porque um clube grande tem de ganhar sempre", afirma o antigo avançado dos dragões a O JOGO. Inácio corrobora.
"O Sporting terá sempre o maior problema se perder, porque ficará a cinco pontos do FC Porto"
"A vantagem nestes casos é que uma derrota não confirma ou compromete o que quer que seja", diz, deixando uma ressalva em jeito de alerta aos leões. "O Sporting terá sempre o maior problema se perder. A ter impacto é para a equipa do Rúben Amorim, que perdendo fica a cinco pontos do FC Porto - e talvez do Benfica -, algo que pode abalar e criar desconfiança", refere o treinador.
Desde o início do século XXI (22 épocas), só em seis ocasiões o vencedor do primeiro clássico da temporada acabou por se sagrar campeão nacional
O JOGO analisou os dados das últimas 22 temporadas e concluiu que, de facto, não existe uma relação direta entre o vencedor do primeiro clássico e o clube que se sagra campeão. Trata-se, aliás, de algo que aconteceu apenas seis vezes no século XXI. No entanto, não perder esse duelo tem sido um bom prenúncio. Na amostra analisada, o futuro primeiro classificado somou os três pontos ou empatou o primeiro jogo grande da época.
"A desvantagem de ter um jogo destes tão cedo é que nenhuma das equipas estará na sua melhor fase"
Voltando a quem muito sabe sobre o tema, Domingos Paciência e Augusto Inácio apontam as principais dificuldades de encarar um desafio de tamanha escala em fase tão prematura. "Os jogadores ainda não têm o ritmo competitivo adequado a um jogo deste calibre, mas os clássicos recentes entre FC Porto e Sporting têm sido bons espetáculos. Seja como for, os intervenientes entram sempre com borboletas na barriga", refere Inácio, que, como jogador e treinador (campeão pelos leões em 2000), viveu vários duelos nos dois lados da barricada. Assim como Domingos, que, além de figura da história azul e branca, chegou a treinar os leões, em 2011/12.
"Nenhuma das equipas estará na sua melhor fase. É a desvantagem de haver um clássico tão cedo. Na segunda volta, provavelmente, vamos ter um nível de jogo mais elevado", frisa o antigo avançado, que adivinha um FC Porto "a sentir-se mais forte por jogar em casa, com o apoio dos adeptos, como é natural".
"Espero que os jogadores saibam comportar-se e possam dar um bom exemplo a quem está de fora, dirigentes incluídos"
Em relação ao ambiente que vai envolver o clássico, os dois técnicos lançam um apelo comum à paz. Porém, consciente de que os acontecimentos do clássico de fevereiro ainda se podem fazer sentir, Domingos aponta que "será o que acontece dentro de campo a ditar o clima". Já Inácio, em tom irónico, refere que a suspensão de 70 dias aplicada pelo Conselho de Disciplina a Frederico Varandas, por "lesão da honra" de Pinto da Costa, "surgiu num timing fantástico". A terminar, porém, lança um pedido aos jogadores. "Que saibam comportar-se e possam dar um bom exemplo a quem está de fora, dirigentes incluídos", remata.
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