"Domingos Soares de Oliveira tem todas as condições para voltar ao Benfica", diz Luís Filipe Vieira
Luís Filipe Vieira, candidato à presidência do Benfica nas eleições marcadas para 25 de outubro, deu uma entrevista à rádio TSF, esta quinta-feira
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O porquê de se candidatar: "Eu não tenho dúvidas nenhumas que a recuperação do Benfica passou pela minha mão. Depois da minha saída, o Benfica entrou num caminho que não é consistente. O clube deixou de ter liderança, deixou de ser respeitado na Liga, na FPF. Financeiramente, os resultados também estão à vista."
Admite o regresso de Domingos Soares de Oliveira: "Quando olhamos para dentro do Benfica, vemos como tudo está. O Benfica tinha um tipo de gestão, que deixou de existir. Como sabem, tínhamos Domingos Soares de Oliveira como CEO, tínhamos o Miguel Moreira como CFO. Dois homens muito importantes nas áreas. Se há margem para regressarem ao Benfica? O Domingos Soares de Oliveira tem todas as condições para voltar ao Benfica, e irei fazê-lo, acho que é possível que ele volte a Portugal. O Miguel Moreira é impossível, nesta altura."
O estado do Estádio da Luz e do Centro de Treinos do Seixal: "A conservação do património do Benfica está completamente degradada. O estádio parece que está ao abandono, aqueles arcos já não são vermelhos, são de outra cor. No Seixal, está tudo igual. A manutenção é muito importante. No Benfica Campus queremos fazer o que está programado e não foi feito. Comprámos uma herdade de 40 héctares para fazer a expansão e nada foi feito: tínhamos projetado um colégio, e aí nem o projeto foi aprovado. O hotel também é importante para aproximar-mos os atletas das famílias, para oferecermos a estadia e diminuir os custos das famílias."
Está envolvido nos processos Lex e Saco Azul: "O caso do Lex é um escândalo eu estar envolvido naquilo. Tenho a consciência clara e não tenho nada a ver com o que estou acusado. E eu acredito na justiça. Já há um julgamento do Saco Azul e quando vocês virem o resultado vão perceber. Vamos aguardar a sentença final e até lá não estou preocupado. Se tiver de ir muitas vezes ao Campus da Justiça vou. Hei-de limpar o meu nome, acho que aquilo foi um ataque ao Benfica e eu fui de arrasto."
Rui Costa disse que desde que está no Benfica não houve mais problemas na justiça: "Sempre defendi o Benfica em todo o lado e isso cria problemas. Isto começou com o caso dos vouchers e veio por ali fora, mas até hoje não aconteceu nada. Só tenho mesmo de aguardar."
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Desacatos na Assembleia Geral de sábado: "O que se passou nessa Assembleia Geral é muito grave. O Benfica tem grupos radicais que apela pela democracia e não a pratica. O movimento Servir Benfica tem uma parte que está na candidatura de João Diogo Manteigas, a outra está com o Noronha Lopes. Aquilo parecia a tropa. O Benfica está radicalizado e vai ter problemas no futuro. Não houve agressões, mas foi um grupo organizado que combinou abandonar a sala quando eu fosse falar. Não abandonaram a sala, mas foram para o fundo fazer barulho e gritar. Não me deixaram falar, mas isto não é de agora. Já acontecia no meu tempo quando era presidente. Aquilo está a tornar-se insustentável. Os estatutos aprovados por uma minoria de sócios tem lá que basta chumbar dois Relatórios e Contas para a Direção cair. O Benfica fica sujeito a ser ingovernável. Se me tornar presidente, a BTV passa a transmitir as Assembleias Gerais, mesmo que seja para o país inteiro. Para as pessoas perceberem o que se passa."
Estatutos do Benfica: "O modelo que defendo é o modelo do Bayern de Munique, pela grandeza do Benfica. Não podemos estar num projeto que passado 10 anos alguém aparece e pode alterar tudo. No Bayern, como sabem, há quatro acionistas com 10% cada um. O grupo Volkswagene, a Adidas e a Allianz seguradora e, nesta altura, o presidente é sempre o presidente de uma dessas empresas que fica à frente do clube. Se isso é estar a tirar poder aos sócios? Não podem eleger, mas têm interferência. Mas com o peso institucional dos grupos, os sócios querem é ganhar jogos. Se voltarmos sempre à feira das vaidades, como era no passado, não há problema. Acha que hoje não há demasiada facilidade em aparecer oito ou nove candidatos? Se não tivesse havido a pandemia, já tínhamos esses parceiros. Quem vier um dia tem de pensar nisso. Mandatos de 12 anos? Se o Benfica não ganha durante quatro anos, a contestação aumenta; mais dois anos sem ganhar, vai haver mais contestação e é preciso haver estabilidade e confiança em quem está lá."
Contratação de José Mourinho: "Vamos entrar num momento importante. Qualquer treinador está sujeito aos resultados. Neste momento não tenho de estar a dizer se o Rui Costa geriu bem ou não. O Mourinho veio dar-lhe estabilidade. Mas se não houvesse eleições, talves a escolha não fosse o Mourinho. Mas se não aparecer resultados, também não vai haver estabilidade. Com o investimento que o Benfica fez e com a falta de resultados é normal o descontentamento. Quem sou eu para julgar o Mourinho? Quem ganhar as eleições, de certeza, que não vai despedir o Mourinho. Mas se o Benfica não for campeão ou os resultados não aparecerem, alguma coisa vai acontecer."