Domingos Paciência com humor: "Há momentos em que eu próprio digo mal do treinador"
Treinador e antigo avançado marcou presença no terceiro e último painel da 1.ª conferência de O JOGO.
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O terceiro e último painel da 1.ª conferência de O JOGO, dedicado ao futebol de formação, contou com as presenças do treinador Domingos Paciência, Artur Fernandes, presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol, professor Neca, vice-presidente da ANTF, e do comentador Luís Freitas Lobo.
O técnico Domingos Paciência abordou as influências negativas de um pai sobre os jovens atletas. "É importante o ambiente familiar e a forma como se lida com as situações. Acompanhei muito os meus filhos e via comportamentos de pais que deixam muito a desejar. Um pai vê o filho com uns olhos e o treinador com outros. Existe pressão por parte do pai no nosso filho, a expectativa de ver o seu filho ser jogador profissional. Não é fácil. Há momentos em que vou ver o jogo e eu próprio digo mal do treinador", afirmou, arrancando risos na plateia que está no Fórum Cultural de Ermesinde.
Domingos, que enquanto jogador se notabilizou no FC Porto, e que foi treinador, entre outros, de Sporting, Braga, Corunha, Académica, V. Setúbal, União de Leiria ou Belenenses, contou que "a transição para o futebol profissional não foi fácil,". "Entrei numa geração que tinha vencido a Taça dos Campeões Europeus, em 1987. Esses primeiros tempos não forma fáceis. O meu espaço era limitado, era visto com alguma desconfiança por parte de jogadores com estatuto, com 28/30 anos, mas cresci muito e orgulho-me de ter crescido com uma geração desse nível", revelou.
Artur Fernandes, presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol (ANAF), considerou que "a transição para o futebol profissional é o maior desafio para os jovens jogadores. É uma fase de ou sim ou não". O agente de jogadores contou que acompanhou "muito a transição" e constatou que os responsáveis dos clubes "utilizam muito esta frase: o jogador tem de sair da sua zona de conforto". "O jogador tem tudo desde os seis anos, psicólogos, médicos, treinadores. E quando chega ao período entre os 18 e os 22 anos tem que decidir o futuro e muitas vezes o clube é obrigado a dizer 'não vais continuar aqui'. É muito difícil, mas permite-lhe preparar-se a outro nível nos anos seguintes."
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