Ildefons Lima, recordista no Guinness como jogador que mais anos esteve ativo numa seleção - 26 por Andorra - assume-se maravilhado pelo que viu Pepe fazer no Euro'2024
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Ildefons Lima foi um espectador atento do Euro'2024 e não se esqueceu de prestar um tributo a Pepe, ao ver o central português colapsar em lágrimas após o jogo com a França. Exibiu a camisola que guarda com orgulho da lenda portista.
"Eu só joguei por Andorra, não a este nível, e não me posso comparar. Ver Pepe, aos 41 anos, jogar como jogou, marca-te! Sabes que na sua idade qualquer um perde qualidades, velocidade e potência. Mas ele segue a competir e a dar guerra! É de admirar. Depois ainda o vês a chorar como uma criança. Isso entristece-te, claro, É ele a dar conta que foi a última oportunidade de ganhar algo importante. Eu vivi o fim de carreira recentemente e consigo ter um carinho ainda mais forte por ele", justifica, orgulhoso de ter conhecido Pepe e ter procurado mudar a opinião de muitos...
"A verdade é que tínhamos um amigo comum, da Umbro, porque éramos, os dois, representados pela marca a dada altura. Sempre me falava muito bem do Pepe, numa altura em que havia uma certa imagem ou ideia que ele era um louco! E posso dizer que ao estar com ele, falar com ele, dás conta que é uma pessoa excecional", conta. "Eu tinha amigos que continuavam a dizer que ele só podia ser louco, mas falei-lhes do respeito com que me tratou no campo. Terminou o jogo e disse estar ao dispor do que precisasse, que algo fizesse falta nos ajudava. Quando sentes esta proximidade de um jogador deste nível, é de louvar. Podemos considerar que no início da carreira, podia parecer algo mais intempestivo, hoje só temos de o enaltecer como um bravo", acrescenta
"Eu sou um privilegiado apesar de ter começado a carreira em Andorra. Tive a sorte de jogar a 2ª Divisão de Espanha por Rayo e Las Palmas, joguei a Serie B de Itália, a Primeira Divisão da Suíça. Vivi coisas bonitas, defrontei Juventus, Roma, Nápoles e Génova, o italiano foi o futebol que melhor casou com as minhas caraterísticas. Desfrutei de grandes vitórias das equipas andorrenhas nas fases prévias da UEFA, triunfos sobre campeões da Arménia e Islândia, fui competindo contra muitas equipas superiores. Isso enobrece-te, é o feito de competir, mesmo que te custe a ganhar. A tua realidade sempre foi mais complicada", reflete Ildefons, um ávido perseguidor de camisolas, ostentando honrosas prendas.
"Comecei a colecionar camisolas no meu primeiro jogo amigável, tinha 17 anos. E segui sempre assim, acumulando várias ao serviço de Andorra mas também das minhas equipas. Já tenho cerca de 1300. Troquei muitas, pedi outras de jogadores nas melhores provas. A de Pepe é uma das especiais, uma defesa que marca uma época, como também tenho a de Ronaldo, que consegui num jogo em Aveiro. De portugueses guardo também de Pauleta, Meira e Simão. Acho que podia abrir um pequeno museu, porque tenho comigo toda a história da seleção de Andorra", defende o antigo central, explicando, ainda, qual foi a seleção pela qual mais torceu no Europeu.
"Há sempre uma afinidade por Espanha, porque acabas por estar rodeado de gente e conheceres muitos colegas com ligações a certos jogadores. Mas a minha predileta era a Suíça, porque me retirei contra eles em setembro. Já os conhecia dos meus anos lá, no Bellinzona, de jogar contra Xhaka, Shakiri e Rodríguez. Foi muito bonito, o estádio em Sion, aplaudiu-me quando saí. Torci por eles, estiveram bem mas foram infelizes nos penáltis."