O regresso a Stamford Bridge, os dias de não trabalho e muito mais: recorde o que disse Mourinho
Águias jogam em Stamford Bridge na terça-feira (20h00), para a segunda jornada da fase de liga da Champions
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Lukebakio:
O que espera do jogo amanhã? Espera que o Chelsea esteja forte? "Sim, é um jogo fora, definitivamente o Chelsea terá vantagem, temos um objetivo, vencer. Estamos prontos, depois do que aconteceu no primeiro jogo, em que não conseguimos os três pontos, estamos aqui para dar tudo e conquistar a vitória."
Julga que tem o tanque cheio para mostrar tudo? "Penso que tem o treinador aqui... pode perguntar-lhe. Sou um jogador, só estou a tentar dar o meu melhor. Se ele achar que estou pronto, é experiente e sabe. O meu trabalho é tentar estar no meu melhor e fazer o que posso."
Como descreve os primeiros dias no Benfica? Como se sente com José Mourinho? "Sinto-me muito bem. Muita coisa mudou, é um novo clube, sou recente aqui. Estou de volta, estou muito feliz, o clube recebeu-me muito bem, conheci pessoas muito boas, agora tenho um treinador novo, um dos melhores do mundo. Não digo isso porque está ao meu lado, mas é porque realmente o é [risos]. É um sonho para mim, é especial. Todos os jogadores querem trabalhar com um treinador deste nível, estou empolgado, pronto para aprender."
O que espera do Chelsea? Que pontos fortes tem, o que vão fazer para impedir o Chelsea de vencer? "Temos de estar preparados para tudo, jogam em casa, sabemos que será um jogo emocional, vamos tentar fazer o que o míster disser, o objetivo é claro, conquistar os três pontos."
José Mourinho:
Primeiros minutos serão cruciais? "Muito mais que os primeiros minutos... estou à espera de duas equipas que querem ganhar. Não acredito que o Chelsea jogue para outra coisa, é em casa e perderam o primeiro jogo. E nós pela cultura do clube e identidade que quero dar à equipa progressivamente, não há clube ou estádio que nos faça pensar de outra maneira. Obviamente queremos ganhar, o objetivo emocional é tentar ganhar. Eles perderam em Munique num calendário mais acessível. Os que se perderam são os que se pensava que poderíamos somar e temos de ir à caça de pontos. É mais difícil Chelsea em Stamford Bridge, ou Real Madrid na Luz? Não consigo dizer o mais fácil de conseguir pontos. Amanhã teremos de ir por eles."
O que valoriza mais neste regresso a 'casa'? Que passos tem de dar o Benfica para ter dimensão europeia? "Ter dimensão europeia não significa ganhar no imediato, estamos tão longe disso e a competição acaba de começar, que pensar nisso até nos faz mal. Estamos em fase em que cada ponto nos faz falta. Conheço o formato porque joguei na Europa League. Estás em classificação contra tantas equipas contra as quais não jogas... Que ninguém leve a mal, mas os três pontos com o Qarabag eram a base de construção e depois um ponto aqui ou três ali e a classificação chegará. Estamos em fase complicada por isso. Estou em casa, mas já joguei aqui com Tottenham, M. United e Inter na Champions, e nem por um segundo pensei onde estava e com quem estava. 'I am not a blue anymore', sou vermelho e quero ganhar."
Agora que teve mais dias seguidos para trabalhar, sente que Benfica pode conseguir algo de especial? "O trabalho foi de não trabalho, mas era o que os jogadores mais precisavam. Finalmente tiveram três dias entre jogos, desde que cheguei foi de dois dias entre jogo e quando isso começa a acumular chegamos com dificuldades. Alguns mesmo com luzes vermelhas na análise de dados. Finalmente tivemos três dilas de não trabalho. O de organização tática de amanhã é mais passivo que ativo no campo. Gostava de ter treinado no Seixal hoje, mas não foi possível pela logística. Tinha opção de treino aberto aqui e não posso trabalhar taticamente, ou só 15' para vocês, mas com as câmaras que eu as pus no estádio há anos atrás, seria na mesma aberto. Fizemos trabalho ontem e hoje e continuaremos amanhã para estar o melhor possível. Acredito mais no trabalho de campo, mas acredito que princípios de organização vamos ter e com os jogadores focados temos possibilidades de discutir o jogo contra uma grandíssima equipa."
Habituado a recordes. Acredita que pode acabar a 'malapata' do Benfica em Stamford Bridge? "Não me parece que tenha jogado tantas vezes aqui. Estamos a falar de quatro... pensava que era menos. Não me agarro muito a esse tipo de mundo. As equipas portuguesas não têm grandes resultados porque as inglesas são fortes, é esse o pragmatismo. Há maior tempo de jogo útil, intensidade. Em Portugal há muita paragem, muito adversário que prefere que o adversário não jogue. Mas claro que acredito."
Pedro Neto disse que esteve a um passo do Benfica e disse que gostava de trabalhar com José Mourinho, gostava de o ter? "Claro que gostava, é dos melhores alas do mundo. O Roberto [Martínez] é um privilegiado porque tem três ou quatro de perfil semelhante e nós aqui não temos. Obviamente gostava de o ter, mas está numa realidade diferente a nível económico e é para esquecer. Desejar que não tenha lesões e que amanhã não tenha grande jogo."
Que sensações neste regresso? "Sensações de chegar não foram tão profundas, vivo praticamente aqui. Conheço-me bem, muitas vezes joguei contra anteriores equipas, o Benfica será o quarto com o qual venho aqui. Em princípio não sentirei antagonismo, que não me faria mal nenhum. Consigo isolar-me desse contexto, sem problema."
Se lhe desse uma folha para assinar, assinava o 0-0? "Não, ia para jogo. Se calhar ao minuto 88 assinava três vezes, depende do jogo. O empate é ótimo se o Chelsea for muito melhor do que nós, se nos dominar e nos empurrar para trás, se não conseguirmos criar nada, o empate assina-se com grande alegria. Quando o jogo ainda não começou... não estamos a falar de 'knouckout', estamos a jogar a pontos e qualquer ponto serve neste tipo de formato, ajuda-nos a atingir o primeiro ou segundo objetivo, mas neste momento vamos jogar".
Vai ao Dragão com quatro pontos de atraso caso o FC Porto vença hoje. Esta é uma semana decisiva? Vai poupar algum jogador para o clássico? Com o que aconteceu na AG de sábado, como blinda o balneário? "Faça essa pergunta amanhã, depois do jogo".
Será sempre um "blue"? "Eu sempre serei azul, faço parte da história deles e o Chelsea faz parte da minha. Ajudei o Chelsea a ser um clube maior e eles ajudaram-me a ser um treinador maior. Agora já não sou azul, faço o trabalho que tenho de desempenhar amanhã. Em muitos clubes parece que há um medo do que aconteceu no passado e há uma transformação contínua, por isso, às vezes parece que querem apagar fotos de pessoas que fizeram história, mas o Chelsea respeita princípios".
Ajudou o Chelsea a ser um clube maior. Em 2004 disse sim ao Chelsea, foi a melhor decisão da sua carreira? Se voltasse atrás, faria o mesmo? "Na altura eu tinha opções diferentes, mesmo na Premier League, foi o Chelsea e foi um casamento feliz. A razão pela qual vim na segunda vez foi porque fui muito feliz na primeira vez. Sou importante na história do Chelsea e eles na minha, foi uma decisão fantástica que tomei na altura. Se foi a melhor... posso identificar as minhas piores decisões claramente, boas tive muitas".
Quando saiu de Portugal, saiu como campeão europeu com o FC Porto. Sente que nesta altura é mais difícil isso acontecer do que há 20 anos? Já há "gasolina" em Lulebakio para jogar 90 minutos? "Ele vai jogar de início. Não sei quanto tempo, no outro dia foram 60 e tal minutos, veremos amanhã o que o jogo lhe pede e como se vai adaptar a um ritmo diferente, mas prefiro que ele comece do que guardá-lo para jogar 30 minutos. Os formatos mudam, eu na primeira vez que joguei Champions como assistente de Robson ainda era o formato com 'knockout' de início, depois grupos, depois meias-finais. Nessa meia-final foi a uma mão, depois passámos a outro formato, depois outro e agora este. Quando fui campeão eram grupos de quatro, depois oitavos e quartos, depois havia uma equipa por país, depois começou-se a alargar para se dar de comer a mais gente e a federaçoes mais impotantes e agora ainda estou a aprender a conhecer este formato. Mas percebo a pergunta, porque há tanto tubarão económico nesta Europa que se torna mais difícil para as equipas portuguesas. O Benfica é um gigante, equiparo-o ao nível histórico e social aos maiores da Europa, muito maior do que clubes muito mais fortes economicamente. Uma coisa é a história e a cultura e outra é o poderio económico e neste momento há clubes muito poderosos, mas podemos competir com eles no jogo. Não assino nada, vamos competir, divertir-nos e tentar ganhar".
Já disse que até outro treinador ganhar quatro Premier Leagues, será o maior. Chelsea tem tido alguns resultados maus com Enzo Maresca: "O Chelsea é uma máquina vencedora. Nos últimos dois ou três anos, não teve muitos momentos sem troféus. Ganhou antes de mim, depois começou a ganhar mais e continua a ganhar. Tem o maior dos troféus, é uma máquina vencedora. Eu sou o maior até alguém ganhar quatro [Premier Leagues]. É um 'fait diver', mas pronto".
Este é um lugar especial para si, pensa em voltar ao Chelsea? "Nunca se sabe, depois de 25 anos eu esperava voltar a Portugal pela Seleção e não pelo Benfica e agora aqui estou, por isso não tenho projetos de carreira. Não tento pensar no que pode acontecer e o mais importante é, onde quer que esteja, dar o melhor e há que sair de clubes com um capítulo fechado. Eu saí, estou no Benfica muito feliz e tenho uma responsabilidade muito grande. Já são muitos anos de idade e de futebol e o Benfica é um clube gigante, com uma responsabilidade gigante, e que venha amanhã. Até ao início do jogo será o meu Chelsea, depois no jogo será o meu Benfica".
Confusão com um treinador-adjunto do Chelsea há alguns anos: "Quando algo acontece é um membro do Chelsea que me insultou, eu reagi e as pessoas só ouviram a minha reação. O Chelsea marcou nesse jogo no último minuto e as pessoas viram-me a reagir de forma má. Foi contra Maurizio Sarri, que foi um excelente treinador na forma como reagiu ao seu assistente. O Chelsea portou-se muito bem, queria despedir o treinador, mas eu disse que não, disse que são coisas que acontecem no jogo. Todos podem ter maus comportamentos e no final nada aconteceu. Na rua pedem-me sempre fotos e atenção".
Chelsea acusado de 74 infrações na Premier League: "Não tenho ideia sobre isso. Vou tentar perceber".
Chelsea tem uma gestão diferente da que tinha no seu tempo no clube, como correria consigo atualmente? "Não sei o modelo de gestão deles, nunca o estudei. Houve um período em que mesmo eu vendo de fora colocava algumas questões, porque parecia que o Chelsea tinha perdido a sua identidade, mas o que aconteceu na última época colocou as coisas no lugar. Deram responsabilidade ao Enzo Maresca, ele implementou as suas ideias, a Liga Conferência é uma competição fácil para os clubes grandes vencerem e depois o Mundial de Clubes... podem dizer que a Champions é mais importante e eu também o digo, mas aquele símbolo signiifica muito, significa que é primeiro vencedor de uma nova prova e parabéns por isso ao Chelsea, têm uma base de confiança e de apoio dos adeptos que se sente até aqui. Eu tenho casa aqui [em Londres], o meu filho vem cá todos os fins de semana e sabe que o sentimento é completamente diferente daquele período menos bom. Agora é um período feliz".
Joe Cole, que treinou no Chelsea, elogiou-o e disse que a Champions é mais importante do que o Mundial de Clubes: "O Joe Cole fala sempre bem de mim, independentemente do que faça, dos meus erros. O Joe é o meu menino, alguns desses rapazes são meus e sempre nos apoiamos uns aos outros. Sempre direi que o Joe Cole é o melhor jogador da história, porque é algo que foi construído e que fica para sempre. Champions é muito mais difícil, mas o Chelsea tem potencial para a conseguir vencer. Não vejo razão para que diga o contrário".
De que forma viveu os dias de regresso a Portugal e agora a Stamford Bridge? "Como pessoa, nada mudou e o facto de estar em Portugal... Estou perto de casa, nada muda. Durmo muitas vezes no centro de treinos, tenho muitas coisas para fazer e para os portugueses talvez seja algo interessante, mas ainda só tive uma sessão de treino completa com os jogadores, porque nas outras houve recuperações e não tenho tido tempo para nada, só para preparar jogos e tentar ajudar os jogadores. Amanhã vamos jogar e na quarta voltaremos a Lisboa e será o primeiro dia em que direi: 'Vão para casa'. Não tenho grande experiência em treinar clubes a meio da época, só me aconteceu duas vezes, mas não tenho grande tempo para pensar em mim".