Diogo Costa e Vitinha juntos, de Ringe à Seleção: as raízes dos jogadores do FC Porto
A afirmação de Diogo Costa e Vitinha no FC Porto e a estreia na Seleção são incentivo para os miúdos da escola de futebol do bairro de Santo Tirso, outrora problemático, onde jogaram. Adílio Pinheiro foi o fundador da escola de futebol onde os dois começaram a jogar.
Corpo do artigo
Quase duas décadas depois de ter sido criada, a Escola de Futebol Pinheirinhos de Ringe vê os primeiros alunos atingirem o topo.
Da ação solidária do médio aos pedidos de camisolas do guarda-redes, Adílio Pinheiro (fundador) explica a O JOGO o impacto dos portistas no desenvolvimento das crianças com quem trabalha.
A afirmação de Diogo Costa e Vitinha na equipa principal do FC Porto, a que se seguiu a estreia na Seleção Nacional, é por estes dias um dos temas de conversa das pessoas de um dos primeiros bairros erguidos em Santo Tirso, onde o guarda-redes e o médio aprenderam as bases do jogo que agora dominam.
"Terem começado numa equipa que fica num bairro que era problemático, com um campo no meio dos prédios, é um orgulho muito grande para esta gente e um grande incentivo para estes miúdos", garante a O JOGO Adílio Pinheiro, o fundador da escolinha sediada no Complexo Habitacional de Ringe, "durante muitos anos conhecido por Iraque". "Não era a ferro e fogo, mas problemático. A escola chamou mais gente de fora e começou a dar-lhe um pouco mais de tranquilidade", acrescenta.
14734293
A fotografia de ambos está exposta à entrada e funciona como um estímulo para as crianças que, a partir dos cinco anos, alimentam o sonho de um dia atingir o mesmo patamar. "São ídolos para muitos, mas outros ainda olham para eles como o Diogo e o Vitinha de há seis ou sete anos", explica Adílio Pinheiro, que já perdeu a conta às vezes que lhe "cravam" algo dos craques. "As pessoas pedem-me camisolas do Diogo, mas eu também não tenho. A vida deles agora é diferente", lembra, numa alusão ao estrelato que alcançaram os portistas, embora isso não impeça algumas aparições.
"Eles estão sempre convidados para cá vir. O Diogo apadrinhou o nosso torneio depois de ter ganho o Europeu de Sub-17", recorda, sem esquecer a ação solidária protagonizada pelo médio em 2021. "O Vitinha não quer que se saiba, mas, o ano passado, quando estava no Wolverhampton, telefonou-me para dar uma prenda a cada miúdo de Ringe. Então oferecemos uma bola a cada miúdo e um cabaz a cada família necessitada. No dia da entrega, ele fez um direto desde Inglaterra para incentivar os miúdos", relata.
Todos "fogem" da baliza para serem Vitinhas
Influenciados por esta ação do agora internacional português ou simplesmente por terem mais vontade de marcar golos do que de os evitar, nos Pinheirinhos de Ringe "todos querem ser como o Vitinha".
"Lembro-me de que, no tempo em que o Vítor Baía surgiu, quando treinava os infantis do Aves, apareceram-me oito guarda-redes. Por isso, ainda pensei que muitos miúdos quisessem ser guarda-redes por causa do Diogo, mas não. É mais Vitinha", afiança Adílio Pinheiro. Afinal, nem o atual 99 se imaginava nesse lugar. A mudança deu-se pela mão do fundador da escola, que recusa os louros pelo desenvolvimento de Diogo e Vitinha.
"Só dei uma ajudinha", sorri. "Tive sorte de ter pegado neles quando eram pequeninos e, depois, a sorte de eles terem a família que têm. O meu ordenado no futebol é esse: sentir o prazer de ter treinado alguém como eles", vinca o septuagenário, que sonha continuar a formar mais Diogos Costa e Vitinhas nos petizes, traquinas, benjamins e infantis dos Pinheirinhos de Ringe.
14736049