Despedimento "magoa", "é frustrante e revolta": análise aos custos das chicotadas
A decisão de mudar o treinador está associada a benefícios nos índices motivacionais dos jogadores, mas não se fala dos custos para quem sai
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A crença em que a mudança de treinador traz soluções que alavancam as equipas encontra algum eco em estudos que mostram diferenças na resposta física dos jogadores. Este efeito psicológico é fundamentado por evidências práticas, por exemplo o Famalicão, na época passada, de aflito passou a potencial candidato à Europa com a chegada de Ivo Vieira para o lugar de João Pedro Sousa. O mesmo treinador que acabaria por sair nesta última semana.
Como reage um treinador quando o clube lhe comunica que abdica dos seus serviços? "É desagradável", dizem Manuel Machado e Henrique Calisto. Mas é um empurrão psicológico para o plantel
O substituto no comando técnico "traz um novo discurso, uma abordagem energética e volitiva e isto poderá ter um efeito sobre o grupo", explica Pedro Teques. O psicólogo vê neste "ar fresco" um estimulante para a mente dos jogadores o que ajudará a explicar em parte o incremento nos desempenhos desportivos.
"Os jogadores que estavam em sub-rendimento começam a lutar por um lugar na equipa", explica Henrique Calisto, admitindo que há "fatores afetivos e anímicos" que catalisam o fenómeno, embora Manuel Machado alerte que "as alterações não levam a melhorias substanciais", principalmente "se os plantéis foram insuficientes", complementa Henrique Calisto.
Os comportamentos e os níveis motivacionais dos jogadores melhoram, mas parece que o impacto é limitado no tempo e nem sempre se refletem de forma desejável nos resultados. O certo é que a opção de trocar de treinador fomenta relacionamentos positivos e mitiga o stresse durante os treinos e os jogos. Isto é o que nos dizem os estudos e que corrobora o que é observado pelos treinadores.
Em suma, há benefícios psicológicos para os jogadores, mas com custos emocionais para os treinadores despedidos. Manuel Machado descreve a situação como "desagradável, porque no fundo é como se dissessem "és incompetente para esta tarefa, vamos arranjar outro para te substituir. Magoa" e é "frustrante e revolta", acrescenta Henrique Calisto.
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