Antigo jogador do FC Porto conta como ficou abalado quando acabou a carreira. Sem vontade de ser treinador dedicou-se ao agenciamento e começou por baixo. Pinto da Costa é uma das suas referências.
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A terceira edição do Thinking Football arrancou quinta-feira no Porto e o destaque do primeiro dia de conferências foi Deco. O ex-jogador e agora diretor desportivo do Barcelona partilhou os desafios da mudança do seu percurso profissional perante uma sala completamente cheia. “Lembro-me perfeitamente do dia em que deixei de jogar. Estava no Rio, apanhei um avião para Portugal e estive quatro dias a chorar. Mas, ao quinto dia, levantei-me e perguntei: ‘o que temos para fazer?’”, contou.
O “mágico” revelou que nunca teve vontade de ser treinador e que foi Jorge Mendes quem o levou para o mundo do agenciamento: “Ligou-me para ir ter com ele ao Mónaco e foi aí que comecei a trabalhar e a pensar no agenciamento. Fui deixando as coisas fluir, mas a trabalhar. Depois, quando decidi deixar a Gestifute, não tinha jogadores. Não comecei a colocar jogadores no FC Porto ou no Barcelona. Comecei a bater de porta em porta. No Vitória de Guimarães, no Rio Ave, nos clubes pequenos.”
Já em novas funções, Deco recordou o regresso ao Estádio do Dragão e reforçou que a experiência que aí teve foi fundamental, recordando Pinto da Costa. “Uma vez, tive uma reunião com o Antero Henrique [antigo diretor desportivo do FC Porto] e ele atrasou-se. Estive uma hora a olhar para uma fotografia minha com a taça da Champions e a refletir se o que eu tinha sido no clube me dava direito a certas coisas. Mas não, percebi que se quisesse levar jogadores para o FC Porto tinha de esperar, porque estava no começo. Pinto da Costa foi uma referência para mim, como presidente e dirigente, pela forma como negociava”, recordou.
Hoje no Barcelona, Deco partilhou que faz questão de assistir a todos os treinos - “se o treinador não gostar é problema dele!”, disse, bem-humorado - e abordou a qualidade de Lamine Yamal, jogador de 17 anos que se destacou no último campeonato da Europa: “Desde muito cedo que é especial e tem talento, o que nunca se sabe é como se vai comportar na equipa principal. Ele tem uma capacidade mental diferente da que estamos habituados a ver, é indiferente à pressão”.