De que serviria a John Textor entrar no capital da SAD do Benfica? Eis a resposta
Ex-advogado do Benfica explica a O JOGO de que forma o investidor americano teria algum poder, embora sem capacidade de decisão.
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A Direção do Benfica vai meter um ponto final na investida do milionário John Textor, que iria comprar 25 por cento do capital da SAD encarnada. O JOGO procurou saber o que ganhava o norte-americano com este investimento e que poder teria realmente. João Correia, advogado que esteve 27 anos ligado ao clube e, até fevereiro, também à sociedade, valoriza, sobretudo, "o poder da informação" que estaria à disposição do comprador.
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"Com essa percentagem teria direito a escolher dois administradores para o Conselho de Administração", mas o grande benefício seria ter "conhecimento de tudo o que se faz, para que se faz, como se faz e quanto custa". "A influência que poderá ter resulta desse poder de informação, que lhe permite tentar fiscalizar a atuação do Conselho de Administração. Porém, os outros também têm direito de informação sobre o que esse administrador faz, é uma situação biunívoca", explica ao nosso jornal João Correia, com base nos estatutos da sociedade.
Além deste poder, e como qualquer acionista, teria "o direito à informação e poderia pedir auditorias, que a maioria poderia depois recusar". Daí que salte para cima da mesa, de imediato, uma pergunta simples e direta. Para que quer então John Textor gastar 50 milhões de euros para ter 25 % da SAD?
O peso da marca Benfica a nível internacional e um eventual acordo relacionado com direitos televisivos poderiam dar a John Textor o lucro pelo investimento de 50 milhões de euros
"Terá de ser algo a ver com a especialidade dele, com a área da comunicação, com direitos televisivos, embora não deixe de ser estranho que um americano queira possuir um quarto do capital da SAD do Benfica", analisa o mesmo advogado, tendo como contexto o facto de o contrato das águias com a NOS, por exemplo, terminar dentro de quatro anos, lembrando João Correia "o peso da marca Benfica a nível internacional e o lucro que daí poderia advir".
De qualquer forma, e concordando que dificilmente o Benfica permitiria que este negócio visse a luz do dia, João Correia destaca a diferença para haver um acionista estrangeiro ou vários, menos destacados, nacionais. "O Benfica é um clube do povo e de repente vem um americano que passa a ter um quarto da SAD. É uma questão cultural. Não é uma questão jurídica, é uma questão ética, de conduta. De qualquer forma, o negócio depende da autorização da SAD, Textor pode não passar de pretenso investidor. Não será uma posição importante ou dominante, mas poderá ser determinante, porque, mesmo sem poder de decisão, terá direito de voto, ainda que minoritário, e de influenciar as decisões", completa.