Entre valorização de treinadores e jogadores e participações em finais de taças e na Liga Europa, o emblema da caravela é uma das referências em Portugal. Foi "só" mudar a mentalidade. O crescimento do clube vila-condense tem sido evidente nos últimos dez anos a vários níveis, permitindo desempenhos desportivos impensáveis há mais de uma década.
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A possibilidade de o Rio Ave chegar à liderança do campeonato, caso vença o Braga no duelo deste sábado, desperta, certamente, a curiosidade dos mais desatentos em relação ao crescimento do clube nos últimos anos. Depois de muitas temporadas entre o sobe e desce na I Liga, o emblema de Vila do Conde cumpre a 11ª. temporada consecutiva no escalão principal, período em que alcançou uma final da Taça da Liga e outra da Taça de Portugal, ambas perdidas para o Benfica, três participações na Liga Europa, tendo alcançado, numa delas, a fase de Grupos, além de dois sextos e um quinto lugar no campeonato.
Na liderança de António Silva Campos, presidente da Direção, o Rio Ave destacou-se ainda pela valorização de jogadores que renderam muitos milhões de euros, pela renovação das infraestruturas a vários níveis, pela negociação em alta dos direitos televisivos e, essencialmente, por uma total mudança de mentalidade que tem permitido consistência desportiva e financeira.
A nível desportivo e de organização, essa alteração mental passou pela ambição no discurso e na definição de objetivos, tendo sido iniciada, em parte, após a entrada no clube do técnico Nuno Espirito Santo, responsável pela presença na final da Taça de Portugal e consequente apuramento europeu, para lá de uma estratégia que abraçou o total profissionalismo em todas as áreas, com destaque para o departamento médico e de comunicação.
O Rio Ave disputou duas finais nos últimos anos, perdendo ambas para o Benfica na Taça da Liga e na Taça de Portugal
Mas, desenganem-se aqueles que pensam na importância extrema dos treinadores na engrenagem, mesmo sendo evidentes os méritos de Nuno Espírito Santo, Pedro Martins, Luís Castro ou Miguel Cardoso, técnicos que se valorizaram no Rio Ave, uma vez que o segredo está, acima de tudo, na organização da estrutura, que se fechou e modernizou, implementando regras que, com maior ou menor rigidez, são cumpridas por todos.
Esta temporada, quando se pensava que o Rio Ave iria sofrer com a profunda remodelação do plantel e com a saída de Miguel Cardoso, o treinador José Gomes pegou numa equipa quase nova e está a surpreender com alto rendimento. A falta de adeptos e de uma maior envolvência da cidade com clube é, reconhecidamente, o grande entrave para que o salto seja maior de um emblema que ganhou raízes na I Liga e se tornou, indiscutivelmente, uma referência do nosso campeonato.
Foram três as participações dos vila-condenses na Liga Europa, entre 2014 e 2019, incluindo uma Fase de Grupos
Num olhar sobre a valorização de jogadores que passaram no Rio Ave apenas nos últimos anos, Ederson (Benfica), Krovinovic (Benfica), Marcelo (Sporting), Péle (Mónaco), João Novais (Braga), Filipe Augusto (Benfica), Hassan (Braga) e Rúben Ribeiro (Sporting) renderam muitos milhões de euros.
Muitos outros atletas renderam somas menores e até um caso surrealista, como o do brasileiro Fabinho, que nunca jogou pelo emblema de Vila do Conde e foi vendido ao Mónaco depois de ter sido cedido ao Real Madrid.
Mudanças de fundo no complexo desportivo
O Rio Ave tem investido na reformulação de diferentes áreas do seu complexo desportivo, incluindo a construção de relvados. Ao campo de piso sintético que era utilizado pelas equipas de formação, juntou um semelhante com o mesmo fim e construiu um de relva natural que é utilizado para treinos da formação principal, além de um espaço destinado em exclusivo para os guarda-redes.
Nesta altura, decorrem diversas obras para melhorar as condições do setor juvenil, estando a ser construídos novos balneários e gabinetes para os treinadores. Anteriormente, o investimento do clube vila-condense passou também pela construção de um ginásio e uma área de recuperação para os jogadores, além de espaços para refeições e uma zona VIP, por altura da primeira participação nas competições europeias.
Cobertura da bancada para breve
No projeto de remodelação das instalações do clube liderado António da Silva Campos, está prevista uma intervenção de fundo no Estádio dos Arcos, que será feita de forma faseada.
A cobertura da bancada poente, onde se situam os sócios do Rio Ave, será substituída em breve, sendo esta uma obra considerada prioritária no sentido de dar mais conforto aos associados vila-condenses. São várias as mudanças previstas, existindo a possibilidade de transformar a parte norte do Estádio dos Arcos numa zona comercial, incluindo uma unidade hoteleira.