Contributo na equipa A do Sporting a descer: formação ganha mais e joga cada vez menos
Os troféus caem em bom ritmo em Alvalade, mas tem sido menor o aproveitamento pelos seniores.
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O Sporting assegurou nesta última semana os títulos de campeão português de juvenis e de iniciados, aumentando para 23 as conquistas nacionais deste século na formação.
Estamos em presença de um ritmo elevado de conquistas nas camadas jovens, superior até aos dos principais rivais Benfica e FC Porto, conforme se pode ler nos quadro em baixo.
Para doses extremas de felicidade, no entanto, há quase sempre um reverso da medalha, o que também aqui se verifica. É que, se as muitas conquistas leoninas da formação na fase inicial do século, foram depois acompanhadas de um aproveitamento elevadíssimo das principais unidades, nos últimos anos tem sido notória uma queda a esse nível.
Na viragem do século, os melhores jogadores da formação leonina faziam depois dezenas ou centenas de jogos na equipa principal do clube, como aconteceu com Rui Patrício, João Moutinho, Adrien ou William Carvalho (todos eles com mais de 150 partidas nos seniores), mas agora cada vez menos essa realidade se verifica. Dos vencedores de títulos de formação pelo clube desde 2013, apenas quatro fizeram mais de 10 partidas (ver caixa) fasquia que foi tida em conta neste trabalho para se fazer parte na equipa principal. Foram eles Miguel Luís, Daniel Bragança, Luís Maximiano e Jovane, este último o único que quase se aproxima da centena de encontros (97, mais concretamente).
Esta diminuição de utilização, apesar disso, não parece ter reflexos diretos no que diz respeito ao valor arrecadado em transferências, uma vez que, entre as diversas fornadas de campeões deste século nas camadas jovens do Sporting, quatro das dez mais avultadas foram realizadas com campeões mais recentes (nos últimos dez anos), como foram os casos de João Mário, Rúben Semedo, Bruma e Thierry Correia. Apesar disso, destes quatro, só o primeiro fez mais de 50 jogos pela equipa principal.
No total, no século XXI, foram 28 os futebolistas que, depois de terem sido campeões nacionais num dos três escalões leoninos de formação, acabaram por ser devidamente aproveitados pela equipa principal, dando sequência aos grandes "emblemas" do passado recente que foram Luís Figo ou Cristiano Ronaldo, símbolos que foram decisivos para a imagem de uma das maiores potências mundiais na formação de jovens que o Sporting tem em todo o planeta. O último da dupla, CR7, não entra neste trabalho porque o primeiro título ganho pela formação do clube no novo século (equipa de iniciados em 2002/03), ocorreu precisamente na época de lançamento deste na equipa principal, pelas mãos de Laszlo Boloni, que serviu como rampa de lançamento para a futura transferência rumo a Inglaterra, para proporcionar alegrias aos adeptos do Manchester United.
Tendência: várias pérolas escapam-se à "nascença"
Há diversos exemplos de jogadores que, este século, vingaram de leão ao peito: Rui Patrício, Nani, Adrien ou William, por exemplo, compensaram bem o investimento, quer em termos desportivos, quer financeiros. Outros, no entanto, não chegaram a oferecer o retorno correspondente às expectativas, como Rafael Leão, que deixou o clube com apenas cinco jogos nos seniores. Existem, aliás, vários jogadores que realizam apenas um ou dois encontros pelos mais velhos, pelo que, apesar de se terem estreado pela equipa principal, não se pode dizer que tenham sido desportivamente aproveitados pela mesma. Os frutos caíram da árvore, mas não foram colhidos por quem "semeou". Por isso mesmo, O JOGO só teve em consideração para este trabalho os jogadores que efetuaram pelo menos dez jogos na equipa principal.