Contas feitas e uma conclusão antes do Benfica-FC Porto: Liga dos grandes dá título
Nos últimos 12 anos só por uma vez o campeão dos clássicos não levantou o troféu da Liga. Benfica e FC Porto inauguram as batalhas de 2019/20.
Corpo do artigo
Aí está o primeiro jogo grande da temporada na I Liga. À terceira jornada, o confronto entre Benfica e FC Porto nada vai decidir na luta pelo título, mesmo que os encarnados tenham a oportunidade de aumentar para seis pontos a vantagem sobre os dragões, mas poderá embalar um dos candidatos, sabendo-se da injeção de confiança e moral que dá uma vitória sobre o grande rival. Um clássico, seja em que fase for da temporada, tem sempre mais em jogo do que os três pontos e, por isso, o país vai parar a partir das 19 horas com todas as atenções centradas no Estádio da Luz.
Depois de ter perdido em Barcelos na ronda inicial, o FC Porto joga em Lisboa mais pressionado, mas sabendo que há muitos quilómetros para correr até às grandes decisões. Também é verdade que os clássicos têm sido decisivos na atribuição do título. Há quem diga que o campeonato é ganho nos embates com as equipas mais "pequenas". Lage e Conceição defendem que todos os pontos são iguais. Mas a história diz que quem soma mais pontos nos clássicos tem grandes possibilidades de festejar no final.
O JOGO fez as contas ao minicampeonato entre FC Porto, Benfica e Sporting desde o início do milénio e a conclusão é evidente: levar a melhor contra os rivais diretos faz mesmo a diferença.
Em 19 campeonatos, desde 2000, só por quatro vezes é que não foi coroada vencedora da prova a equipa que mais pontos somou nos clássicos, como se pode ver na infografia que publicamos. Mais: nos últimos 12 anos isso só não aconteceu por uma vez, com o Benfica de Rui Vitória, em 2015/16. O Sporting até foi o grande que mais pontuou nesses jogos, mas o título foi para a Luz. De resto, para se sublinhar ainda mais esta tendência basta dizer que o FC Porto ganhou 10 vezes a batalha dos clássicos e que, neste período analisado, foi campeão precisamente dez vezes.
Como já referimos, é precoce dizer que este jogo vai decidir algo, mas não faltam exemplos de jogos grandes - disputados naturalmente numa fase mais adiantada da temporada - que resolveram as contas. Há, aliás, dois exemplos bem recentes. Na época passada, o Benfica "ganhou" o título ao derrotar o FC Porto no Dragão (golos de João Félix e Rafa). É verdade que ainda faltavam dez jornadas para o final, mas esse foi o jogo, unanimemente, considerado decisivo na corrida a dois. Os encarnados passaram aí para a frente e conseguiram aguentar até final, aumentando inclusive para dois pontos a vantagem. Em 2017/18, uma bomba de Herrera em cima do apito final garantiu os três pontos ao FC Porto na Luz, permitindo à equipa de Sérgio Conceição ultrapassar o rival a quatro rondas do término. Recuando um pouco mais, mas ainda bem presente na memória dos adeptos do futebol, encontra-se o triunfo do FC Porto de Vítor Pereira sobre o Benfica de Jorge Jesus na penúltima jornada de 2012/13. Kelvin fez o golo que ajoelhou o técnico português e que valeu um dos campeonatos mais equilibrados deste milénio. A diferença final foi de apenas um ponto...
Mais azul na nova "catedral"
O Benfica domina por "goleada" os confrontos com o FC Porto em sua casa, para o campeonato (43 vitórias em 85 jogos), mas desde que a nova "catedral" abriu as portas, em 2003, que a tendência se inverteu. São 16 clássicos com seis vitórias azuis e brancas, quatro dos encarnados e, claro, seis empates. Estes têm sido jogos com poucos golos, refira-se. São 31 no total, com o FC Porto a ter mais um... A média, por isso, não chega a dois golos por confronto na nova Luz. Na época passada, recorde-se, Seferovic fez o único golo do clássico.
Curiosidades
Mourinho, o único a fazer o pleno
O FC Porto do primeiro ano completo de José Mourinho - aquele em que além do título conquistou também a Taça UEFA - foi a única equipa que, desde o início do milénio, fez os 12 pontos possíveis no campeonato a três. Depois há dois exemplos com 10 pontos: o Benfica da época passada (Rui Vitória e Bruno Lage) e o FC Porto de André Villas-Boas (2010/11).
Equilíbrio total beneficiou os dragões
Em 2006/07 ninguém ficou a rir na contabilidade dos clássicos. Cinco pontos para cada um dos grandes. O Benfica de Fernando Santos ganhou e empatou com o Sporting de Paulo Bento e dividiu os pontos num dos confrontos com o FC Porto de Jesualdo Ferreira. Este ganhou e empatou frente aos encarnados.
Águias "bicampeãs" com menos pontos
O que têm Trapattoni, Rui Vitória e Co Adriaanse em comum? Os três foram campeões nacionais com a particularidade de terem somado menos pontos nos jogos entre os grandes nessas épocas. Em 2015/16, o técnico português fez apenas três, com o Sporting, e ainda assim festejou o título.
Sporting apresenta o registo mais negativo
Na batalha dos clássicos deste milénio não há nenhuma equipa que tenha terminado uma época só com desaires. Ainda assim há quem não tenha ganho qualquer confrontos com os rivais. E o Sporting é o que apresenta o registo mais negativo: por duas vezes (2010/11 e 2012/13) acabou apenas com um empate e o resto derrotas.
Ruiz furou a regra e o sonho de Jesus
O Sporting de Jorge Jesus (2015/16) já havia ganho três vezes ao Benfica para três provas diferentes. No último dos clássicos contra o rival da Segunda Circular, as águias ganharam 1-0 em Alvalade e, mesmo sem sorrirem na liga dos grandes, foram campeões. Foi o tal jogo em que Bryan Ruiz falhou de baliza aberta.