ENTREVISTA - Movimento "Por um Porto Insubmisso, Eclético e Triunfante" autoexcluiu-se da corrida pela Direção, mas fica feliz por constatar que os candidatos àquele órgão estão a tocar nos pontos que defendem.
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Formada num grupo de debate no Facebook, a Lista D propõe-se a dinamizar o Conselho Superior (CS), um órgão de caráter consultivo, composto por 20 elementos, que tem a missão de velar pelos estatutos, emitir pareceres ou apresentar sugestões à Direção e Conselho Fiscal. Por isso, Miguel Brás da Cunha (n.º1), Avelino Oliveira (2) e Luís Folhadela (3) defendem, em entrevista a O JOGO, as medidas que têm para mudar a organização do FC Porto no futuro.
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Quando tomaram a decisão de ir a eleições?
-Miguel Brás da Cunha (MBC): A ponderação já existia há algum tempo. A decisão definitiva surgiu em janeiro e foi fácil de tomar.
O que os motivou?
-MBC: A nossa preocupação é que exista alguém nos órgãos do clube que chame a atenção para certas questões. O ecletismo, por exemplo, é um aspeto marcante do FC Porto, não só pela sua história, mas sobretudo na criação da grandeza do clube. É ainda importante que se criem mecanismos que permitam uma participação mais fácil dos sócios na vida do clube. Por último, o clube sempre foi insubmisso e esteve na primeira linha de todas as lutas, nomeadamente contra o centralismo no futebol, que depois se reflete no país. Essa voz insubmissa é fundamental e não se pode perder.
-Luís Folhadela (LF): A nossa candidatura emana de um grupo fechado de Facebook, com centenas de adeptos, e houve em todos aquele apelo de, por uma vez, abandonar o conforto do teclado e tentar ir mais além. Um bocado como aquela frase do Kennedy: não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, mas o que podes fazer pelo teu país.
Sentem que foram um incentivo a outras listas?
-MBC: Quero acreditar que sim. Mais do que para o aparecimento de listas, para o debate de um conjunto de temas. Basta ler um bocadinho as entrevistas dos vários candidatos, inclusive a comunicação feita por Pinto da Costa, para perceber que alguns dos temas para os quais chamámos a atenção estão a ser centrais nesta discussão. O futebol é central, não podemos fugir daí, mas ficamos contentes por ver que quem está a concorrer à Direção está a tocar nestes pontos, para bem do clube.
Foram convidados a associarem-se a alguma?
-Avelino Oliveira (AO): Como não quisemos ir à Direção, autoexcluímo-nos dessa participação, independentemente de terem existido convites ou não. Queremos é revalorizar um órgão social que praticamente não existe, que é meramente decorativo. Chamamos a atenção a toda a nação portista que existe um órgão previsto nos estatutos, com uma função específica, no qual as pessoas devem falar quando é preciso e chamar a atenção em assuntos especiais, que não está a cumprir o seu papel. Ao trazermos para estas eleições o debate desse órgão, que tem um boletim de voto autónomo, estamos a dar um grande contributo ao clube, até pelas personalidades que nele se envolvem.
"O clube tem de ser verdadeiramente dono da SAD e não é só no sentido aritmético"
O que os leva a propor a alteração dos estatutos?
-MBC: Em termos estatutários há mais um conjunto de circunstâncias que nos parecem importantes. A maneira como o clube se relaciona com a SAD, a garantia de que o clube é verdadeiramente dono da SAD e não é só no sentido aritmético. Que tem a capacidade de mandar, de decidir o que se passa na SAD e, além disso, de controlar o desempenho de quem a todo o momento é dirigente. Depois, no caso concreto do CS, acho de toda a utilidade que o seu papel, que já é importante, seja reforçado.
Quais as vantagens da limitação de mandatos que defendem?
-LF: Não defendemos nada mais, nada menos do que práticas correntes de grandes organizações, como é o FC Porto. Percebemos que introduzir esse tema, quando ainda temos em funções o presidente com o mandato mais longo da história do FC Porto, e o presidente mais titulado da história do futebol mundial, possa causar algum desconforto ou parecer que estamos a introduzir um tema mais populista. De todo. Também fazemos isto pela convicção de que, quem vier a seguir a este presidente, muito dificilmente poderá estar à altura dele. O que pretendemos é introduzir uma prática que nos parece boa em termos de transparência e que fomenta a renovação dos quadros e das estruturas dirigentes do clube. Não é uma medida contra ninguém.
-AO: Não é só relativa ao presidente. Ela é aplicada a toda a gente nos órgãos sociais. Mas se, no caso do presidente, até se pode entender como um caso excecional, não há dúvidas de que os adeptos sentem que, num conjunto de membros dos órgãos sociais, se calhar essa limitação de mandatos já deveria existir.
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