Bruno de Carvalho escreveu um extenso texto sobre a decisão do juiz de levar todos os arguidos do processo da invasão à Academia do Sporting a julgamento.
Corpo do artigo
Bruno de Carvalho redigiu esta sexta-feira um extenso texto na sua página pessoal do Facebook sobre a decisão do juiz Carlos Delca de levar os 44 arguidos do processo da invasão à Academia do Sporting a julgamento.
"Num Estado de Direito real só se leva as pessoas a tribunal quando se tem a convicção, pelas provas produzidas, que a probabilidade de condenação é muito forte. Esta é uma permissa importantíssima para garantir os direitos dos arguidos, de todos os cidadãos e manter uma sociedade livre e democrática. Subverter este princípio basilar do direito é condenar a sociedade a um estágio de ditadura, neste caso com a conivência do Ministério Público, e de submissão dos interesses do estado aos interesses particulares denominado-se isso de estado de corrupção", começa por referir o antigo presidente leonino naquela rede social.
"Quem é submetido a este vexame público, sem uma única prova, vê-se marginalizado pela sociedade e incapaz de cumprir as suas funções de Homem, pai, filho, irmão... Vê-se incapaz de viver pois é-lhe retirado tudo, incluindo o reconhecimento da sua personalidade e carácter como pessoa de bem, passando a fazer parte do que socialmente se denomina a 'escória da sociedade', prossegue Bruno, antes de dividir em tópicos as consequências das acusações que lhe foram feitas:
"1. A minha detenção no seio da família e a um domingo (haverá algo mais vexatório do que os nossos filhos nos verem ser presos?!); 2. A minha detenção durante vários dias em que já se sabia que havia greve dos funcionários judiciais (depois de os filhos nos verem ser presos haverá algo mais vexatório do que a nossa família nos visitar numa cadeia?!); 3. E agora a manipulação da opinião pública com o ser pronunciado para julgamento de todos estes crimes, já estando condenado publicamente, e sujeitando a minha família a mais este vexame que eles não conseguem escapar no seu dia a dia, tirando-lhes, também a eles, o direito a viverem realmente livres e protegidos (haverá algo mais vexatório, depois de nos tirarem o respeito, do que nos tirarem a possibilidade de educar e de providenciar o sustento da família?!)", assinala Bruno de Carvalho, que diz ter "a vida irremediavelmente destruída":
"Conseguiram! A minha vida está irremediavelmente destruída. Nada nem ninguém pode resolver isso. É tarde demais. Que protejam agora pelo menos as minhas filhas e a minha restante família. Elas não aguentam mais este exercício vil de vexame, calúnia e difamação. Já se percebeu que não vão parar e que a minha destruição não chega. Têm de me colocar num calabouço qualquer e esquecer a chave, na esperança que a sociedade me esqueça e que deixem bem vincado a todos de que quem se meter com o sistema é apagado totalmente", rematou o ex-presidente do Sporting.