Plantel está comprometido em dar a volta e disse-o ao líder portista, que passaria a intenção aos adeptos
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A confiança que a estrutura do FC Porto depositou em Vítor Bruno no começo da temporada ainda não se esgotou, mas não é ilimitada e o treinador acabou por gastar outro crédito ao perder com o Moreirense. Na sequência desse resultado fatídico, André Villas-Boas dirigiu-se ontem ao centro de treinos do Olival, onde esteve durante cerca de três horas. Após a conclusão dos trabalhos, o líder da sociedade azul e branca conversou com o técnico e as principais figuras do futebol profissional, Andoni Zubizarreta e Jorge Costa, com foco no ciclo negativo que a equipa vive.
Segundo informações recolhidas por O JOGO, do debate de ideias saiu a conclusão que o momento delicado pede alguma calma, sob pena de as decisões tomadas por influência do exterior poderem revelar-se precipitadas no futuro. Villas-Boas tem perfeita noção de que a equipa é nova e continua convencido de que tem talento mais do que suficiente para dar a volta ao contexto. Contudo, nem o presidente nem a cúpula do futebol portista ficam indiferentes à fase muito sensível em que o grupo se encontra envolvido, provocada pela onda de contestação que se começou a formar após o desaire no clássico com Benfica e que ganhou força na sequência da eliminação prematura na Taça de Portugal. Por isso, esperam que Bruno cumpra com a exigência que caracteriza o clube e retome o caminho das vitórias já com o Anderlecht, na quinta-feira, para a Liga Europa. Afinal, os portistas já não perdiam três jogos consecutivos desde 2008/09 e a continuidade desta sequência significaria a repetição de uma marca entretanto desenterrada nos registos da longínqua temporada de 1964/65.
Treinador chega ao treino com seguranças por perto
O desfecho do encontro com os belgas poderá, por isso, ser determinante para o futuro de Vítor Bruno, que se encontra fragilizado aos olhos dos adeptos, como se percebeu pelas reações no final do encontro com o Moreirense. O treinador foi desafiado a apresentar a demissão, mas declinou fazê-lo, manifestando-se capaz de mudar o rumo dos acontecimentos. “Tenho muita força para continuar, porque sei aquilo que faço e de que forma o faço”, referiu. Por isso, apresentou-se ontem bem cedo no Olival para iniciar a preparação para o embate com o Anderlecht. Bruno chegou por volta das 8h30, acompanhado de perto por uma viatura da empresa privada de segurança que fornece serviços ao FC Porto, depois de lhe ter sido oferecida proteção pessoal no rescaldo do “apertão” que se seguiu à goleada sofrida na Luz.
Vontade do grupo fez AVB desmobilizar os adeptos
O plantel, que também não tem escapado às críticas dos adeptos portistas, reconhece que os desempenhos não são aceitáveis, mas não atira a toalha ao chão. Ao que apurou o nosso jornal, os jogadores mostraram-se totalmente comprometidos com o projeto e manifestaram vontade de dar a volta à situação numa conversa mantida com André Villas-Boas na noite de domingo, no Dragão, após a chegada de Moreira de Cónegos. Essa intenção, de resto, foi posteriormente transmitida pelo presidente do FC Porto aos contestatários que se haviam juntado no exterior do estádio azul e branco. A desmobilização começou pouco depois dessa abordagem, mas um mau resultado contra o Anderlecht pode deitar tudo a perder. Especialmente para Vítor Bruno.