Conceição, a exigência e a liderança: "É cansativo? Sim, mas também apaixonante"

Sérgio Conceição, treinador do FC Porto
Ivan del Val/Global Imagens
Treinador do FC Porto marcou presença esta terça-feira no Fórum da Associação Nacional de Treinadores de Futebol.
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Características de um treinador de sucesso: "Hoje os clubes de futebol têm gente nos diferentes departamentos que trabalham de uma forma fantástica, são cada vez mais profissionais, têm uma qualidade incrível. E não falo apenas nas equipas técnicas, mas nos departamentos de análise e observação, do departamento médico, do nutricionista, fisiologista, optometrista... Hoje temos tudo o que precisamos nos clubes e isso é importante para se ter sucesso. Depois, quando se é apaixonado por aquilo que se faz, fica-se mais próximo do sucesso."
Liderança no Olhanense e no FC Porto. Diferenças: "Apanhamos grupos diferentes, jogadores de características e personalidades diferentes. Mas a base forte tem que ver com o caráter de cada um. Não vou mudar a base da minha liderança perante determinado grupo de trabalho. Não mudo. Não é casmurrice, são convicções, que acho que são importantes para liderar aquela gente."
Não é politicamente correto na comunicação: "É isso [plateia ri-se]. Ainda a propósito da liderança, há várias formas de ajudar os atletas. É diferente de há 15 ou 20 anos. Temos se ser fiéis à nossa forma de estar, ma depois há contextos, mentalidades e jogadores diferentes. Não é o trabalho de campo que é difícil. É manter toda a malta motivada e passar valores que não são fáceis nesta geração. Há muitas coisas positivas na nova geração, mas também dificuldade em perceber que um momento do treino pode ser decisivo no jogo. Todos os momentos devem ser vividos com intensidade grande. Assim fujo à pergunta e ao castigo. Não se está aí alguém da APAF. [risos]"
Exigência: "Tem que ver com a rotina do dia-a-dia. Gosto de rigor no trabalho e há horas de trabalho para tudo. A exigência tem que ver com a repetição do que queremos trabalhar. Se não conseguir fazer em 10, tem de fazer em 20 ou 40 e por aí fora. A exigência tem que ver com exigirmos dos jogadores o máximo da sua dedicação, passar esses valores aos jogadores para que as coisas fiquem mais fáceis nos jogos e se consiga ganhar. A exigência tem que ver com o nosso dia-a-dia, com cada minuto que estamos ali dentro. E eu sou muito exigente nesse sentido, mas sou exigente com os todos. No olival trabalham 70 pessoas e sou eu que tenho de liderar aquela gente. Não é fácil. É cansativo? É. Mas é apaixonante. Acho que quando alguém fala da exigência tem que ver com o trabalho feito diariamente."
Capitães: São fundamentais na ligação e na extensão do treinadores. Nesta liderança é preciso ter três ou quatro ajudantes. Às vezes não é preciso o treinador meter o bedelho. O Pepe chegou e assumiu-se como capitão. Mas já tive situações em que o clube disse uma coisa e fiz outra. Prefiro que sejam capitães diferentes e que também tenham um papel diferente."
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