Como é Rúben Amorim como treinador e uma história: "Pagou a renda de um ano..."
Carlitos trabalhou com o treinador no Casa Pia e deixou algumas curiosidades sobre o novo treinador do Braga.
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Um dos principais desígnios de Rúben Amorim será "criar uma identidade" na forma de jogar do Braga, tal como anunciou o próprio no dia em que foi apresentado como treinador da equipa principal, e essa assentará muito na utilização de três centrais. É uma espécie de escudo protetor contra várias ameaças e, sob o comando de Amorim, foi uma prática comum tanto no Casa Pia como no Braga B, tudo apontando para que marque o jogo de amanhã, frente ao Belenenses. "As saídas de bola, com três centrais, fazem-se com maior segurança. São assim as equipas do Rúben Amorim, embora com grande envolvimento dos guarda-redes. Esses terão de ser muito bons a jogar com os pés. É um processo que envolve sempre quatro jogadores", explicou Carlitos, um lateral que Rúben Amorim transformou em central no Casa Pia, em 2018/19.
A adaptação "fluiu sem dificuldades" porque o atual treinador dos bracarenses foi "claro a comunicar o que pretendia", mas nem sempre se dava por satisfeito. "Para ser eficaz, esse sistema deve ser bem ensaiado e ele trabalhava muito esse pormenor. Ficava cego quando a defesa se desalinhava. Dava saltos e mandava logo parar o treino para dar indicações. Depois, mandava repetir o movimento", contou o defesa cabo-verdiano de 34 anos, garantindo que as equipas de Rúben Amorim, adepto assumido do 3x4x3, não se perdem em manobras puramente defensivas. A segurança, segundo Carlitos, é só o princípio de tudo. "Até são equipas muito ofensivas. Têm quase sempre entre 70% e 80% de posse de bola e são bastante rematadoras. Com ele, o Casa Pia aproveitava muitas vezes o facto de os adversários se abrirem muito quando tentavam pressionar. Os nossos atacantes tiravam partido desses espaços", explicou.
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Já a falta de habilitações (no papel) de Rúben Amorim, denominado treinador-estagiário no Casa Pia e que deixaria o clube há precisamente um ano, nunca foi um problema. "Por ter sido jogador, percebia facilmente o nosso pensamento e as dificuldades. Por vezes, até brincávamos com isso de ser estagiário. Dizíamos que não ia nada mal para estagiário. Confiávamos muito nele", assinalou o defesa do Casa Pia, certo de que o substituto de Sá Pinto "tem tudo para se tornar num dos melhores do mundo". "Costuma dizer que reteve um bocadinho de todos os treinadores que teve, mas acredito que foi muito influenciado pelo Jorge Jesus. Trabalhou com ele muitos anos", juntou.
"Pagou a renda de um ano a um jogador em dificuldades"
Táticas e certificados de habilitações à parte, Rúben Amorim está num plano elevado pela "sua humanidade". "Distingue-se muito por aí, para além da sua competência como treinador, claro", vincou Carlitos, que resolveu quebrar um pacto de confidencialidade para fundamentar a sua opinião. "Ele vai matar-me por contar esta história, porque ele não queria que se soubesse, mas acho que as pessoas devem saber: quando trabalhou no Casa Pia, resolveu ajudar um companheiro nosso que vivia em dificuldades e que corria o risco de perder a guarda dos filhos, pagando-lhe a renda da casa durante um ano. Ele tem muito deste tipo de coisas", revelou.