Rui de Paiva, especialista em guarda-redes destaca, a O JOGO, o poderio do axadrezado no jogo aéreo e a valia até nas grandes penalidades, vendo-o como sombra a Vlachodimos
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A contratação de Helton Leite para a próxima temporada dará a Bruno Lage uma alternativa de peso a Vlachodimos, que, até agora, apenas tem sentido a presença dos jovens Svilar e Zlobin. Com o ainda guardião do Boavista nas fileiras, o internacional grego passará a ter uma sombra à sua altura, enquanto o Benfica deixa salvaguardada, também, a eventual transferência do seu habitual titular, como sublinha a O JOGO Rui de Paiva, técnico de guarda-redes, atualmente ao serviço do Mafra.
Com o brasileiro, Vlachodimos passa a ter o lugar de titular mais ameaçado do que com Svilar ou Zlobin, podendo até o Benfica ter aqui uma salvaguarda para uma saída irrecusável do internacional grego
Entre as possíveis vantagens que Helton Leite trará à defesa das águias está a sua capacidade no jogo aéreo, ele que é visto como tendo tudo para brilhar num clube de maior dimensão e capaz de oferecer mais garantias na atualidade do que Svilar e Zlobin. "Vejo o Helton Leite como titular na eventualidade de Vlachodimos ser vendido. Tem condições para assumir a baliza, tem um perfil enquadrado para o Benfica e é um guarda-redes de equipa grande, sem dúvidas. Está bem preparado para o jogo moderno, que é muito aéreo, e ocupa muito bem os espaços. Além disso, nos penáltis poderá valer pontos, pois tem um posicionamento muito próprio e tira máximo proveito da envergadura do corpo, projetando-o com saída de encurtamento rápida", aponta. O treinador vê Helton como "corajoso e destemido nas saídas aos pés do adversário", exibindo "segurança no encaixe em bolas frontais e com um bom princípio de sair no imediato a jogar", o que pode ser importante no aspeto ofensivo.
Pela negativa, Helton Leite apresenta "algumas lacunas no jogo de punhos e mete muitas bolas na meia lua, o que permite remates enquanto ainda se está a reposicionar"
Na análise do especialista, "o Benfica fica claramente com um colosso na baliza" embora haja "aspetos onde Vlachodimos o supera". "O que caracteriza Vlachodimos são os duelos de um para um, a chamada "mancha" pois consegue temporizar muito bem a chegada do adversário e aplica uma técnica muito particular e típica da escola alemã. Tem uma excelente técnica de desvio, tanto a nível lateral como em bolas pelo chão. É um guarda-redes mais requintado e preza mais pela classe e imagem, mas que, em lances que aparentam ser de fácil abordagem, por vezes perde o foco. O jogo aéreo e o espaço é algo que tem vindo a melhorar mas que precisa de ser reforçado", entende.
Pela negativa, Helton Leite apresenta "algumas lacunas no jogo de punhos e mete muitas bolas na meia lua, o que permite remates enquanto ainda se está a reposicionar". No chão, também o brasileiro ainda pode e deve ser melhor. "Como é grande, tem mais dificuldades nas bolas mais curtas, à queima-roupa, perdendo mais tempo a fechar as pernas. Mas também tem vantagem pelo tamanho da passada, ganhando com isso tempo. No entanto, sabendo-se que um guarda-redes vai mais vezes ao chão do que a cruzamentos, tem de trabalhar mais em função dessas idas ao chão", aconselha.