Henrique Calisto diz que hoje em dia as novas metodologias previnem o risco de quebras de forma
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Diz a gíria futebolística que o que conta não é como se começa, é como se acaba a época. Mas, não há mal nenhum em arrancar bem, embalando o fôlego para uma caminhada sem sobressaltos. E o Vitória arrancou bem, não há dúvida. Seria injusto ignorar o registo de seis jogos só com vitórias, e sem qualquer golo sofrido. Puxando a fita atrás, não se vê outro percurso inicial idêntico dos vitorianos entre a elite do futebol português.
Rui Borges superou já o recorde de Ivo Vieira, em 2019/20, de cinco triunfos no arranque da época, e apresenta “uma defesa muito sólida”, analisa Henrique Calisto, apologista de que as “equipas constroem-se de trás frente”. Nesse sentido, “uma solidez defensiva boa no começo faz com que o meio-campo e os homens mais avançados possam crescer e ter mais criatividade”, explica.
Parte do segredo deste sucesso, sublinha, está na “coesão da equipa”, na “disponibilidade dos jogadores”, sendo uma equipa na qual “já se vê alguma sistematização”. O excelente nível competitivo numa fase ainda embrionária da temporada revela que Rui Borges “aproveitou bem a pré-preparação”, ou seja, “as semanas sem jogos, para recriar e criar movimentos e automatismos”. Henrique Calisto realça a capacidade de antecipação do treinador do V. Guimarães neste aspeto, porque depois, já com as competições europeias em curso, “jogando ao sábado, domingo, à quarta-feira ou à quinta-feira, já não é muito fácil fazer com que a equipa ganhe esses mecanismos”, vincou.
O V. Guimarães conquistou uma base sólida de trabalho que lhe permitirá dar uma resposta linear ao longo do tempo, porque, argumenta Calisto, “já não há o risco” de quebra de rendimento, considerando as novas metodologias de treino. O técnico lembra que no futebol atual o “objetivo é fazer com que haja a manutenção do patamar alto”, além disso, frisa, “o Vitória tem mantido a estabilidade ao longo dos 90 minutos, o que também é um bom sinal”, e dá garantias a médio e a longo prazo. “Para os treinadores é ótimo”, reforçou, elogiando o “equilíbrio” da equipa, mesmo mudando alguns jogadores. Quer isto dizer “que os processos estão bem assimilados por toda a equipa”, acentuou, acrescentando “o aspeto psicológico” como “mais importante do que o aspeto físico”. Isto porque, explica Calisto, “o aspeto físico vai crescendo; no aspeto psicológico, quem começa bem encara os jogos de outra forma”. É essa variável que alimenta a “confiança” que se percebe no V. Guimarães, “uma equipa agressiva, coesa, organizada”, porém, aponta, “se fossem mais agressivos na finalização, podiam ter marcado mais golos”. E isso não resulta, garante, da saída de Jota Silva, pois no geral, “o Vitória está bem”.